No Jornal Nacional da TVI, a primeira questão colocada a José Luís Carneiro teve como tema o caso das duas gémeas luso-brasileiras que vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo – para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros. Segundo a TVI, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que negou entretanto qualquer interferência no caso.
José Luís Carneiro começou por responder que "não se deve comentar o que não se conhece. As instituições têm os seus próprios poderes". Seguiu-se a Operação Influencer, com José Luís Carneiro a afirmar que causa "impacto político externo e interno e por isso é necessário muita ponderação judicial".
"Todos nós desejámos que o processo seja tão célere quanto possível. As pessoas não devem ter a sua vida em suspenso. Ou se produz informação para devida acusação ou se arquiva o processo. No caso do primeiro-ministro, ganha uma especial sensibilidade pelo alarme social e pelo prestigio das instituições", acrescentou o candidato ao PS.
José Luís Carneiro, quando perguntado se a PGR deveria dar explicações, respondeu que "a sensibilidade deste caso é muito grande. Tudo quanto possa ser feito para esclarecer a sociedade, para a tranquilizar, é adequado, tendo em vista, salvaguardar o prestigio das instituições".
"Temos uma proposta, para levar à moção de estratégia e ao governo. É muito relevante, neste momento, termos um debate alargado na sociedade portuguesa, que deve envolver os partidos democráticos", continuou José Luís Carneiro.
Quando perguntado sobre o Chega, José Luís Carneiro afirmou que é um partido político que "tem procurado minar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Isso é claro. Não pode ser uma reflexão com aqueles que procuram ser beneficiários na destruição da confiança das instituições democráticas", reiterou José Luís Carneiro.
"Dito isto, há dimensões importantes da justiça, dessa reforma que deve prosseguida, neste debate como digo, devem estar os actores do sistema judicial. É importante que este aperfeiçoamento conte com a presença do Ministério Público e do Poder Judicial", afirmou José Luís Carneiro sobre o atual estado do sistema judicial.
O tema voltou para as eleições para secretário-geral do PS. José Luís Carneiro começou por responder se estaria disponível para viabilizar um governo PSD, não vencendo as eleições legislativas. O candidato afirmou que "vivemos numa conjuntura com duas guerras, uma na Europa e outra no Médio Oriente. Temos uma polarização da sociedade muito grande, muito elevada por toda a Europa e há extremismo a procurar minar a confiança nas instituições".
"Considero-me o candidato que tem condições para garantir segurança, estabilidade ao país", afirmou José Luís Carneiro. "Por isso é que me candidato. Espero ganhar as eleições com um ampla maioria", continuou o atual Ministro da Administração Interna.
"Eu não me candidato em oposição ao meu camarada Pedro Nuno. Candidato-me por ser portador de um experiência política que pode ser útil ao meu partido e ao meu país", explicou.
"Precisamos de segurança para cumprir o Orçamento de Estado", começou por enumerar. "É essencial valorizar os rendimentos, os salários, o investimento público, na saúde, escolas, mobilidade, habitação e também é preciso valorizar o investimento privado e investimento estrangeiro. Já avancei na minha candidatura com uma proposta para as pequenas e médias empresas, porque esta proposta de Orçamento pode atingir 97% dessas empresas".
Na CNN Portugal, quando questionado sobre se seria o sucessor de António Costa, depois deste lhe ter entregue o discurso do Estado da Nação, José Luís Carneiro nunca "pensou que essa questão se colocava. O serviço público sempre foi a minha grande preocupação".
Continuando no tema de sucessor de António Costa, e sobre o abraço aquando do seu anuncio de candidatura, José Luís Carneiro afirmou que "vi a expressão de uma relação de lealdade e amizade. Vivemos momentos muito difíceis. Em momentos excepcionais do nosso país, em pandemia, tivemos um homem sereno, competente, capaz. Foi capaz de proteger as famílias, as empresas", elogiando assim o atual primeiro-ministro demissionário.
Quando questionado sobre o facto dos analistas políticos o colocarem como candidato mais 'fraco', o atual ministro da Administração Interna voltou a reiterar que se candidata à liderança do PS e que quer "colocar os valores e princípios do PS ao serviço do país".
Questionado sobre o carisma de Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro reiterou que "o carisma vê-se com resultados eleitorais. Já ganhei eleições e é aí que se vê carisma", voltando a repetir que a sua candidatura "não se define por comparação com o meu camarada Pedro Nuno. Candidato-me a partir da minha experiência política e experiência pessoal".
"Estou convencido de que vou ganhar as eleições. Candidato-me para ganhar o PS e as eleições" legislativas, afirmou José Luís Carneiro. "O PSD é o meu principal adversário. Com as propostas políticas que estamos a construir para o futuro, acredito que vou ser o primeiro-ministro do país".
"Em relação a certas matérias, as de soberania, temos de construir um diálogo com os partidos do centro democrático, em relação à política externa, reforma da justiça", explicou José Luís Carneiro.
Novamente no tema do Chega, José Luís Carneiro voltou a explicar que "é um partido que tem procurado colocar em causa os valores democráticos. Não podemos colocar tudo no mesmo saco".
"Há um partido de extrema-direita que atenta contra os valores constitucionais. O PSD ao ter feito o que fez nos Açores [acordo com o Chega] abre a porta para acordos com o Chega. Do nosso ponto de vista, houve momentos em que dentro do PPD se deixaram ceder a essa radicalização. Eu não 'demonizo' os cidadãos do centro democrático. Deram maioria absolutas aos PPD, ao PS e também aos Presidentes da República".
"O Chega só chega ao poder se o PSD o levar. O PS não vai fazer isso.", afirmou José Luís Carneiro, prontamente.
José Luís Carneiro também afirmou, em resposta à provocação de ter primeiro um adversário em Pedro Nuno Santos, que os seus adversários são "a necessidade de combatermos a pobreza e desigualdades, de aperfeiçoarmos o SNS, de aperfeiçoar a escola pública, de apoiar as pequenas e médias empresas".
Em relação ao possível apoio de Manuel Pizarro, atual ministro da Saúde, a Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro não está preocupado que isso indique que as suas propostas nesse campo não sejam as melhores, pois "não é o ministro da Saúde que é titular desse programa, é o Governo, e portanto aquilo que defendemos é uma visão programática".
"Eu tenho duas prioridades: responder às circunstâncias, no terreno, em termos de resposta das urgências, consultas, cirurgias. A minha proposta é o estabelecimento de um acordo com a União das Misericórdias Portugueses e com as instituições de solidariedade social para que, em articulação com o SNS, se possa resolver os problemas dos idosos internados nos hospitais. A segunda medida, contratualização da prestação de cuidados de saúde nessas instituições", explicou José Luís Carneiro.
"Nós apenas vamos resolver esses problemas nas urgências se reforçarmos a capacidade dos centro de saúde, médicos de família e em rede, articularmos, com os hospitais", afirmou José Luís Carneiro. Em relação à privatização da TAP, Carneiro afirmou que "deve ser feita sem pressas".
As eleições diretas internas no PS para a sucessão de António Costa na liderança do PS estão marcadas para os dias 15 e 16 de dezembro e, segundo a Comissão Organizadora do Congresso (COC), o universo eleitoral é de 80 mil socialistas, que poderão votar desde que tenham as quotas pagas até ao final deste mês. No terreno estão já as candidaturas do ex-secretário-geral adjunto do PS e atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e do dirigente socialista Daniel Adrião e de Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas.
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