“A única alternativa que temos hoje é criar espaços de pressão para solucionar este conflito”, disse Guaidó, aludindo à forte crise que a Venezuela atravessa há mais de cinco anos.
“Para progredir, é preciso sair da ditadura (de Maduro)”, acrescentou, durante uma reunião com representantes dos diversos setores sociais do país.
No sábado, Juan Guaidó — considerado por vários países como Presidente interino da Venezuela – esteve presente numa manifestação liderada por sindicatos de trabalhadores da saúde que exigem a adoção de um plano de vacinação anti-covid-19 sem critérios políticos, numa altura em que o país está a sofrer uma segunda vaga do novo coronavírus.
“A Venezuela enfrenta uma pandemia, um inimigo invisível, e exige que salvemos vidas, exige vacinas”, disse, nesse dia, o líder da oposição, usando uma máscara que tinha escrito “Vacinas já”.
O líder da oposição apelou a que se dê um novo desenvolvimento ao ‘antichavismo’, mas não adiantou pormenores sobre os mecanismos com os quais espera exercer mais pressão sobre Maduro.
“O apelo que faço é para que se avance, para que se reivindique, não podemos ficar parados, temos de exigir eleições livres e justas para acabar com esta tragédia”, sublinhou.
Apesar de contar com apoio de vários países, incluindo os Estados Unidos, que procura tirar do poder o Presidente Nicolas Maduro, Guaidó não controla a burocracia venezuelana nem as Forças Armadas, cujos dirigentes costumam declarar publicamente a sua lealdade a Maduro e à chamada revolução bolivariana iniciada pelo falecido Presidente Hugo Chávez (1999-2013).
Segundo afirmou hoje Guaidó, Maduro já “não controla nada” no país, como é demonstrado pela violência que se regista nos bairros pobres de Caracas e pelo conflito entre as Forças Armadas e grupos do estado de Apure, na fronteira com a Colômbia, que estalou em 21 de março e provocou pelo menos oito mortos entre os militares venezuelanos.
A Venezuela lançou no final de fevereiro uma campanha de vacinação contra a covid-19 usando as vacinas russas Sputnik V e a chinesa Sinopharm, mas recebeu menos de um milhão de doses.
Nicolas Maduro tinha anunciado que os profissionais de saúde seriam os primeiros beneficiários das vacinas, mas o colégio de médicos denunciou atrasos.
Uma organização não-governamental diz que mais de 480 trabalhadores da saúde morreram desde o início da pandemia.
O país, de 30 milhões de habitantes, registou oficialmente mais de 180.000 casos e quase 1.900 mortes, desde o início da pandemia, mas a oposição considera os números “totalmente falsos”.
Maduro anunciou na semana passada que a Venezuela vai produzir uma vacina cubana, garantindo que conseguirá entregar até dois milhões de doses por mês a partir de agosto.
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