Interrompendo um longo dia de depoimentos, o juiz Arthur Engoron emitiu a ordem que se aplica a todas as partes no caso e diz respeito a ataques verbais a funcionários do tribunal. Também chamada de "gag order" (ordem da mordaça, em português) os intervenientes e qualquer autoridade pública de prestar informações ou fazer comentários sobre o caso.

A ordem foi emitida depois de Trump ter feito circular um comentário crítico nas redes sociais sobre a principal assistente jurídica de Engoron, Allison Greenfield.

A publicação incluía uma fotografia de Greenfield com o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, a posar para uma fotografia num evento público.

Sem nomear Trump, Engoron disse que um arguido no processo “publicou numa conta de uma rede social uma mensagem depreciativa, falsa e de identificação pessoal” sobre um membro da sua equipa.

“Os ataques pessoais a membros da minha equipa são inaceitáveis, não são apropriados” e não são tolerados, sublinhou.

Trump – que tinha escrito que era “vergonhoso” que Greenfield estivesse a trabalhar com o juiz na sala de audiências – já tinha apagado o post cuja eliminação foi ordenada por Engoron.

Candidato republicano à presidência em 2024, Trump tem repetidamente classificado a ação judicial e o julgamento como um ataque político da procuradora-geral democrata de Nova Iorque, Letitia James.

Além deste espetáculo, com a presença de Trump no julgamento pelo segundo dia, a advogada de James interrogou um contabilista, numa tentativa de provar que Trump e outras pessoas da sua empresa tinham controlo total sobre a preparação de declarações financeiras enganosas e falsas, que estão no centro da ação judicial contra eles.

Na segunda-feira, Engoron tinha sugerido que o testemunho sobre a declaração financeira de Trump de 2011 poderia estar para lá do limite de tempo legal aplicável ao processo do procurador-geral.

O processo alega que Trump e a sua empresa mentiram repetidamente sobre a riqueza que detêm em declarações financeiras dadas a bancos, seguradoras e outros.

O estatuto de limitações relevante exclui reivindicações relacionadas com atividades anteriores a uma data em 2014, e a equipa jurídica de Trump argumentou que o limite de tempo corta a maior parte do caso.

Engoron disse hoje que “os estatutos de limitações impedem as reivindicações, não as provas” e que, na fase inicial do julgamento, está inclinado a dar a ambas as partes uma margem de manobra considerável para relacionar provas mais antigas com as reivindicações do processo.

“Este julgamento não é uma oportunidade para voltar a litigar o que já decidi”, sublinhou Engoron.

Na semana passada, Engoron decidiu que todas as queixas eram admissíveis ao abrigo do estatuto de limitações.

Prevê-se que o julgamento se prolongue até dezembro.