O ex-presidente, de 77 anos, compareceu a um tribunal em Fort Pierce, cerca de 200 quilómetros a norte de Miami, nesta quinta-feira. Em junho, Trump declarou-se inocente das acusações de retenção ilegal de informações sobre defesa nacional, conspiração para obstruir a justiça e falso testemunho.

Segundo a acusação, Trump guardou arquivos confidenciais — incluindo registos do Pentágono e da Agência de Segurança Nacional — sem segurança especial na sua casa em Mar-a-Lago e obstruiu os esforços oficiais para recuperá-los.

Os seus advogados pediam a retirada das acusações alegando que o estatuto sob o qual o ex-presidente foi acusado era "vagamente inconstitucional".

Numa ordem escrita após a audiência, a juíza Cannon admitiu que alguns dos argumentos de Trump merecem "consideração séria", mas acrescentou que era muito cedo para descartar as acusações com base em discordâncias sobre a definição de alguns termos usados na acusação.

Os advogados de Trump afirmam também que Cannon deveria descartar o caso porque, sendo presidente, Trump podia designar documentos como pessoais mesmo após deixar o cargo. Este é um argumento rejeitado pela Procuradoria sobre o qual a juíza ainda não se pronunciou.

Trump também enfrenta acusações federais de conspirar para anular os resultados das eleições de 2020, nas quais perdeu para o atual presidente, o democrata Joe Biden. Os seus problemas legais, contudo, não o impediram de vencer confortavelmente as primárias republicanas para as eleições de novembro.

Nas últimas semanas, a sua defesa apresentou vários recursos para tentar adiar a realização dos seus julgamentos até depois dessas eleições.

A juíza Cannon já deixou claro que adiará o julgamento pelos documentos classificados, previsto para 20 de maio, devido à grande quantidade de petições a serem estudadas. A procuradoria propôs iniciar os trabalhos a 8 de julho, mas a juíza considerou essa data "pouco realista".

Enquanto isso, em Nova Iorque, a procuradoria de Manhattan mostrou-se disposta nesta quinta-feira a adiar por 30 dias o julgamento contra Trump que começaria no final de março nesse distrito, num caso de pagamentos secretos a uma atriz de filmes pornográficos para comprar o seu silêncio.

O futuro legal de Trump depende de uma decisão da Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos, que irá analisar em 25 de abril se o magnata imobiliário tem imunidade penal como ex-presidente.