Em várias imagens publicadas, Kim Jong-un acompanha Serguei Shoigou através de uma vasta exposição de defesa, na qual se contam os mísseis nucleares de Pyongyang e que o site especializado NK News, baseado em Seul, identificou como novos aparelhos aéreos sem piloto (UAV, na sigla em inglês).
Chegadas na quarta-feira, as delegações russa e chinesa, liderada pelo membro do Politburo Li Hongzhong, são os primeiros visitantes estrangeiros conhecidos em Pyongyang, desde o encerramento das fronteiras em 2020, devido à pandemia da covid-19, indicou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A Coreia do Norte celebra, neste dia, o 70.º aniversário da assinatura do armistício da Guerra da Coreia, a 27 de julho de 1953, que pôs fim aos combates, iniciados em 1950, comemorado no Norte como o Dia da Vitória.
Kim e Shoigou visitaram a “Exposição de Armas e Equipamentos 2023”, de acordo com a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, que publicou fotografias, nas quais é possível ver os mísseis Hwasong-17 e o Hwasong-18, um ICBM (míssil balístico intercontinental) de combustível sólido.
A Rússia, aliada histórica da Coreia do Norte, é um dos poucos países com os quais Pyongyang mantém relações amistosas.
Kim e Shoigu “discutiram questões de interesse comum no domínio da defesa e segurança nacionais e do ambiente de segurança regional e internacional”, ao mesmo tempo que lembraram a “histórica amizade” entre os dois países, disse a KCNA, acrescentando que o responsável russo entregou ao líder norte-coreano “uma carta” do Presidente russo, Vladimir Putin.
O encontro “representa uma oportunidade importante para desenvolver as relações estratégicas e tradicionais, tal como exigido pelo novo século” entre os dois aliados, assegurou a KCNA.
O líder norte-coreano apoiou a invasão da Ucrânia por Moscovo, nomeadamente através do fornecimento de mísseis e foguetes, de acordo com Washington.
Durante a sua visita, Kim falou com Shoigou sobre “as armas e o equipamento inventados e produzidos”, no âmbito do plano de defesa da Coreia do Norte, indicou a KCNA.
Especialistas disseram à AFP que os ministros da Defesa russos não visitam Pyongyang com regularidade desde o colapso da antiga União Soviética.
Para Vladimir Tikhonov, professor de estudos coreanos na Universidade de Oslo, na Noruega, “a Rússia poderá precisar do potencial da indústria militar norte-coreana no domínio das armas convencionais, enquanto a Coreia do Norte poderá estar interessada em transferências de tecnologia de mísseis da Rússia”.
Já Park Won-gon, professor da Universidade de Ewha, na Coreia do Sul, afirmou que, apesar da cobertura mediática da visita de Shoigou, a Coreia do Norte devia ter “muito cuidado” antes de fornecer a Moscovo armas para a guerra na Ucrânia.
“Se isso for confirmado publicamente, os países europeus também se tornarão adversários”, disse Park, acrescentando que a Coreia do Norte devia preferir não enfrentar sanções adicionais.
“Por conseguinte, será prudente, mas é possível que a Rússia procure obter mais ajuda em segredo”, observou o investigador.
Kim Jong-un encontrou-se igualmente com uma delegação chinesa chefiada por Li Hongzhong, membro do Politburo. Pequim é o principal aliado da Coreia do Norte.
Imagens de satélite indicam que a Coreia do Norte está a preparar um desfile militar em grande escala para as celebrações do aniversário, possivelmente com um desfile na praça Kim Il-sung, na capital norte-coreana, ao fim do dia, indicou a Yonhap.
Desde a guerra de 1950-53, que terminou com um armistício, sem que até à data tenha sido assinado um tratado de paz, as duas Coreias continuam tecnicamente em guerra.
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