“Como as Administrações Regionais de Saúde (ARS) foram extintas, foi decidido que esses laboratórios seriam integrados no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. Tenho a certeza absoluta de que esses laboratórios vão crescer em articulação connosco”, adiantou Fernando de Almeida à agência Lusa, no dia em que o INSA assinala os 125 anos com uma sessão comemorativa.
Na prática, serão integrados no INSA os laboratórios regionais de Braga, Aveiro, Leiria, Évora e Faro, com um total de cerca de 600 colaboradores, que “serão muito bem recebidos” no instituto, adiantou.
Este processo está a ser trabalhado “há muito tempo”, referiu ainda Fernando de Almeida, ao considerar que não se devem registar “grandes problemas nesta integração”, uma vez que os laboratórios regionais de saúde pública e o INSA se dedicam a algumas áreas comuns, como a vigilância epidemiológica, a vigilância ambiental (águas e alimentos) e as patologias infecciosas.
As ARS foram formalmente extintas em 01 de outubro, no âmbito da reorganização do Serviço Nacional de Saúde, ficando prevista uma comissão liquidatária para coordenar e dirigir o processo de extinção e garantir a transição das competências e património para as outras entidades.
Já ao nível dos recursos humanos, e numa altura em que várias áreas do Serviço Nacional de Saúde enfrentam a falta especialistas, Fernando de Almeida garantiu que o INSA “tem a dimensão certa dos profissionais que necessita”.
Apesar disso, o especialista em saúde pública defendeu que o instituto tem de ter uma maior agilidade para “contratar pessoas que se ajustam ao perfil” da missão de saúde pública que desempenha.
“Esse é um passo que teremos necessariamente de dar, porque estamos num momento de multiplicidade e interdependência de funções e com uma complexidade organizacional muito grande”, salientou Fernando de Almeida.
Se ao nível da quantidade de recursos humanos a situação do INSA está estável, em termos de qualidade é preciso “alguns retoques”, adiantou ainda o presidente do instituto, avançando que a estratégia passa por substituir os profissionais que deixam o INSA por aposentação ou transferência, mas também pela “capacidade de ir buscar fora do sistema da administração pública pessoas novas”.
Só o nome Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge “funciona como uma atração” para essas pessoas, realçou Fernando de Almeida, para quem, 125 anos depois de ter sido criado pelo médico Ricardo Jorge, o INSA “tem de estar preparado para todas as emergências de saúde pública que apareçam”, como as de origem infecciosa ou química, entre outras.
“Nós somos o laboratório responsável pelo bioterrorismo e, portanto, nós estamos sempre em estado de prontidão”, apontou também o presidente do INSA, ao considerar que a “primeira lição” retirada da pandemia da covid-19, na qual o instituto foi responsável pela monitorização do coronavírus, “é evitar o esquecimento”.
“Esse é o maior risco a que nós devemos estar atentos. É o esquecimento das organizações, o esquecimento das instituições, o esquecimento das próprias pessoas, o esquecimento dos decisores”, alertou.
Depois da pressão provocada pela pandemia da covid-19, o INSA está hoje “suficientemente robusto para se dizer que os portugueses podem confiar no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”, referiu.
Uma das “joias da coroa” do INSA é o Laboratório de Análises de Dopagens que, três meses após ter sido integrado no instituto, conseguiu obter a acreditação mundial, destacou ainda Fernando de Almeida, que manifestou o “orgulho” por este ser um de cerca 30 laboratórios do género a nível global.
O INSA, que deverá ter um orçamento de cerca de 80 milhões de euros para 2025, está organizado em seis grandes departamentos dedicados à Alimentação e Nutrição, Doenças Infecciosas, Epidemiologia, Genética Humana, Promoção da Saúde e Prevenção das Doenças Não Transmissíveis e Saúde Ambiental.
Desenvolve uma tripla missão como laboratório do Estado no setor da saúde, laboratório nacional de referência e observatório nacional de saúde.
A decisão de criar o instituto surgiu para combater um surto de peste bubónica que, em 1899, atingiu a cidade do Porto.
Comentários