Questionado sobre um novo confinamento obrigatório, Lacerda Sales diz que é importante "desmistificar os medos da população", porém assume que o Governo sabe "mais da doença" e está "melhor preparado para responder". Portanto "o confinamento parcial ou geral é uma resposta que garantidamente não queremos voltar a acionar", garante o secretário de Estado da Saúde.
Relativamente ao uso de máscaras, Graça Freitas diz que "não houve uma mudança de opinião", houve sim "uma postura evolutiva" em função do que é a avaliação do risco. "Até já preconizamos a utilização de máscaras em determinadas circunstâncias ao ar livre, como quando não for possível garantir distância física entre as pessoas. Ao ar livre, a utilização de máscaras fará sentido se não for possível garantir as distâncias", disse.
A diretora-geral da Saúde anunciou ainda que irá sair nos próximos dias uma orientação que fará exactamente essa recomendação: "quando uma pessoa no exterior [em sítios movimentados] não conseguir manter a distância física recomendada, deverá utilizar máscara".
Atualmente, a máscara só é obrigatória em espaços interiores fechados, como estabelecimentos comerciais, de prestação de serviços ou escolas, e nos transportes públicos.
Governo admite usar testes rápidos alerta para risco de "falsos negativos"
Ministério da Saúde admitiu hoje vir a usar testes rápidos de deteção de covid-19, que dão resultados em meia hora, mas nunca como critério único de avaliação, já que podem revelar “falsos negativos”.
A posição do Ministério da Saúde foi conhecida hoje durante a conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a evolução da pandemia de covid-19, quando o secretário de estado da Saúde foi questionado sobre o anúncio da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) de oferecer meio milhão de análises para usar em lares e escolares.
António Lacerda Sales agradeceu a oferta dos testes que permitem conhecer os resultados num curto espaço de tempo – “entre 10 e 30 minutos” – mas alertou que podem revelar um "falso negativo" quando na realidade a pessoa está infetada.
“Tendo em conta esta alta probabilidade de testes negativos achamos que não deve constituir um critério único na avaliação”, defendeu António Lacerda Sales.
No entanto, reconheceu que estes testes podem ser “uma mais-valia” num “contexto de escassez de recursos, de evolução epidemiológica e de situações especificas”, tais como surtos em lares ou em escolas.
“Por princípio estes testes de antigénio têm também uma sensibilidade ligeiramente menor do que os testes convencionais que fazemos”, explicou, dando como exemplo situações em que o doente tem uma carga viral baixa e acaba por ter um “teste falsamente negativo”.
Para o MS, esta diminuição de sensibilidade para eventuais testes falsos positivos acaba por ser “uma condicionante”.
No atual contexto de Outono/Inverno, em que aumenta a necessidade de se realizarem testes por causa do início da época gripal, existem já vários países europeus a avaliar estas análises.
António Lacerda Sales lembrou alguns exemplos: na Bélgica são usados como diagnóstico, mas depois é feito outro teste para confirmar os negativos, em Itália, estão a ser utilizados no aeroporto para passageiros que vêm de países com alta transmissão e em Espanha está a decorrer um estudo piloto em hospitais de Madrid.
O secretário de Estado explicou que neste momento ainda existe “alguma incerteza e indefinição”, mas não descartou o seu uso futuro, até porque são “bons testes” para separar os positivos dos negativos, principalmente, quando se está perante os ‘super spreaders’ que têm uma alta carga viral.
Neste trabalho de escolher os testes antigénio a usar – porque há vários – devem ser selecionados aqueles que têm “maior sensibilidade e especificidade”, seguindo as orientações das autoridades de saúde, defendeu.
Durante o dia de hoje irá decorrer, precisamente, uma reunião entre a DGS, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), o Infarmed e outros peritos externos para definir uma estratégia relacionada com estes testes.
A coordenação da estratégia de testes é uma responsabilidade do INSA, em parceria com as autoridades regionais de saúde, Infarmed e DGS.
No mesmo sentido, caberá ao INSA definir "as situações em que devem ser usados testes rápidos e testes com resultados disponíveis em 24 horas”.
[Notícia atualizada às 15h41]
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