Durán Tacla foi ouvido hoje na Audiência Nacional, um tribunal especial espanhol que trata de casos difíceis, nomeadamente os relacionados com delitos de corrupção.

Detido desde novembro do ano passado, Rodrigo Durán Tacla explicou que veio para Espanha, não por ser perseguido pela polícia, mas porque tinha “medo”.

Citado pela agência Efe, o detido referiu que tem nacionalidade brasileira e também espanhola e insistiu que não pode regressar ao Brasil “por questões de segurança”.

“Apresentei uma denúncia porque recebi ameaças através das redes sociais, mensagens, contra a minha mãe, a minha família, e por telefone, quase todas as semanas. É por isso que estou em Espanha, e [também] porque sou espanhol” disse.

O hispano-brasileiro, de 43 anos, é o presumível "cérebro financeiro" do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, um caso em que já foram condenados vários responsáveis da empresa petrolífera estatal, Petrobras, de várias construtoras do país, assim como vários políticos.

Durán Tacla explicou que em novembro do ano passado se deslocou dos Estados Unidos, onde residia, para Espanha a fim de estar presente numa audiência da autoridade tributária espanhola que tinha aberto um inquérito sobre as suas empresas espanholas, e porque receava pela sua segurança.

“Se vim para Espanha é por uma razão, é porque tinha medo, e por isso peço para ficar”, assegurou o detido, que o Brasil pretende julgar por crimes de suborno, branqueamento de capitais e pertença a organização criminosa.

Rodrigo Durán Tacla é o principal suspeito de um esquema que desviou 14 milhões de euros e pagou comissões a troco da adjudicação de obras públicas no Brasil e no estrangeiro.

O hispano-brasileiro fugiu do Brasil para os Estados-Unidos em abril de 2016 e chegou a Madrid em novembro último, assegurando que desconhecia que tinha um mandado de captura internacional.

Segundo a Efe, o seu advogado também assegurou que, se Durán Tacla for extraditado para o Brasil, “pode ser assassinado” e que veio para Espanha “fugindo” e trazendo consigo “toda a sua família”.

Por seu lado, o representante do Ministério Público defendeu que o detido deve ser entregue ao Brasil e recusou as suas alegações no sentido da necessidade de ser julgado em Espanha por ter utilizado as suas empresas espanholas para branquear capitais.

Segundo este procurador, o delito de branqueamento de capitais não se produziu apenas num país, Espanha, mas sim em vários.

Por outro lado, acusou o detido de ter cometido uma fraude ao tentar evitar a extradição ao fazer, no início deste ano, “uma autodenúncia” junto do Ministério Público em que se inculpava de parte do branqueamento de capitais através das empresas que tem em Espanha.

A justiça brasileira investiga desde 2014, na operação conhecida como Lava Jato, um esquema de corrupção que envolve várias personalidades políticas, como o ex-Presidente Lula da Silva, assim como vários empressários.