“Creio que houve aqui um virar de página que pode ajudar a direita a ganhar a dinâmica para vencer as eleições de dia 30”, disse André Ventura, antes do arranque da arruada do Chega em Aveiro.
Para o líder do Chega, no debate televisivo na RTP, que decorreu na segunda-feira, as posições quer no que toca à área económica, à saúde ou mesmo à governabilidade, mostraram “uma direita que conseguiu estar mais ou menos comum nas críticas e na solução”.
“Posso estar enganado – e acho que é Rui Rio que tem que responder a isto -, mas pareceu-me que temos caminho para andar”, frisou o presidente daquele partido de extrema-direita.
Segundo André Ventura, não vale a pena “ter ilusões”, já que “não haverá Governo sem o PSD”, mas também “sem o Chega, assim Rui Rio perceba o que aconteceu ontem [segunda-feira]”, considerando que o debate também mostrou um “António Costa que não conseguia dizer com quem vai governar nem como”.
“Se nós dermos uma perceção que, com todas as diferenças que temos, conseguimos formar um Governo à direita, acho que todos ganhamos com isso”, disse André Ventura, que ainda no domingo, foi crítico do líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, que apelidou de "Chiquinho", e de Rui Rio, que já chamou de “mordomo de António Costa” e que o acusou o presidente do PSD de que gostaria de ser “líder do Partido Socialista”.
Questionado pelos jornalistas se houve um esforço de moderação da sua parte, André Ventura respondeu que “não há esforço”, antes “uma perceção” de que têm de se construir pontes.
“Se todos tivermos o cuidado devido ao longo dos próximos dias, acho que há caminho para se fazer, se pusermos o objetivo principal – afastar António Costa – acima das nossas diferenças”, frisou.
Questionado por várias vezes sobre que ministério gostaria de assumir caso o Chega fizesse parte de um Governo de direita, André Ventura escusou por várias vezes responder à pergunta, referindo que não quer criar “mais elementos de fricção”.
No entanto, voltou a defender que o Chega quer as pastas da Agricultura, Segurança Social, Justiça e Administração Interna.
Ventura admite que se Bloco ficar à frente do Chega é uma derrota para o partido
“Se [o Bloco de Esquerda] conseguir ficar à frente do Chega, é uma derrota para o Chega, mas sobretudo para o país”, disse André Ventura.
O líder partidário acredita que “um dos grandes problemas da direita” nos últimos dois anos e meio “foi a incapacidade de travar esse tipo de lutas”, referindo que o Chega “esteve sozinho na rua contra a narrativa do racismo”, a pedir “que se acabasse com esta ideia de que os portugueses são racistas”.
“O Chega ficou sozinho à direita. Nem PSD, nem CDS-PP, nem Iniciativa Liberal se juntaram a isso”, disse.
Essa “luta” deu votos ao partido de extrema-direita e as sondagens “indicam que as pessoas queriam que houvesse uma força assim e capaz de ter esta linguagem e falar diferente”, notou André Ventura, que foi condenado pela Relação por ofensas ao direito à honra e ao direito à imagem, considerando os juízes que houve “uma vertente discriminatória em função da cor da pele e da situação socioeconómica” dos visados, uma família do Bairro da Jamaica, a quem o líder do Chega chamou de “bandidos”.
“Eu acho que não somos um país racista. Continuo a achar que não somos um país racista”, vincou, apesar de o inquérito European Social Survey publicado em 2020 referi que “62% dos portugueses manifestam racismo”.
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