“A nova Lei de Segurança Nacional em Hong Kong matará futuros movimentos democráticos, uma vez que todos os protestos e outros apelos à democracia na cidade serão classificados como tentativas de subversões da autoridade da China”, afirmou à Lusa o ativista de 23 anos, uma das figuras mais mediáticas do movimento pró-democracia em Hong Kong.
Joshua Wong acredita que Pequim vai estabelecer, sem precedentes, um órgão de segurança nacional no território.
“Um novo corpo policial secreto provavelmente substituirá o Governo e as forças policiais de Hong Kong e lançará prisões secretas de todos os dissidentes na cidade, exatamente como fizeram com os defensores e dissidentes de direitos humanos na China”.
Por outras palavras, explica, esta nova lei “serve como uma nova arma para eliminar todas as aspirações democráticas em Hong Kong”.
A lei em causa, aprovada a 28 de maio no encerramento da sessão anual do legislativo chinês, proíbe “qualquer ato de traição, separação, rebelião, subversão contra o Governo Popular Central, roubo de segredos de Estado, a organização de atividades em Hong Kong por parte de organizações políticas estrangeiras e o estabelecimento de laços com organizações políticas estrangeiras por parte de organizações políticas de Hong Kong”.
Ainda assim, o jovem ativista não tem dúvidas de que a nova lei não vai conseguir parar os protestos na cidade, recordando tratar-se de uma lei “ainda pior” do que as emendas propostas à lei da extradição, o rastilho das grandes manifestantes que começaram no dia 09 de junho de 2019 no território e que levaram milhões de pessoas às ruas.
As emendas à lei da extradição, que permitiriam o envio de suspeitos de crimes para a China, caíram após meses de confrontos nas ruas. Assim como em 2003, como a primeira tentativa das autoridades de Hong Kong em fazer passar a lei da segurança nacional depois de cerca de meio milhão de pessoas ter-se manifestado contra o projeto de lei.
Agora, denuncia Joshua Wong, Pequim decidiu fazer passar a lei da segurança nacional “sem qualquer escrutínio legislativo”.
“É previsível que os ‘Hongkongers’ estejam preparados para lutar para proteger as nossas liberdades em fuga, uma vez mais”, sublinhou.
“Peço ao mundo que fique com Hong Kong mais uma vez”, apelou Joshua Wong, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018.
Hong Kong regressou à China em 1997 sob um acordo que garantia ao território 50 anos de autonomia e liberdades desconhecidas no resto do país, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”.
Tal como acontece desde 1999 com Macau, a vizinha região administrativa especial chinesa, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
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