Desconfinamento: saída ou libertação de situação de confinamento ou de isolamento. 

Esta será, provavelmente, a palavra mais aguardada por todos, nesta fase de pandemia. Nesse sentido, as notícias da noite passada foram bem-vindas: a próxima fase de desconfinamento, que deveria começar na segunda-feira, 14 de junho, começou já esta sexta, dia 11. Mas não para a totalidade do país: Lisboa, Braga, Odemira e Vale de Cambra ficam ainda um passo atrás, devido ao número de infeções nestes concelhos.

Todavia, nem todas as notícias que à covid-19 dizem respeito são tão animadoras quanto estes três dias de antecipação do Governo. Por exemplo, hoje foi o dia em que se soube que Portugal tem 22 concelhos com incidência do coronavírus SARS-CoV-2 superior a 120 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, mais dois do que na última sexta-feira. Ou seja, mais uns que podem vir a adiar alguns passos no desconfinamento, caso a situação se continue a agravar.

Da zona de Lisboa, os dados que chegam criam também algum alerta: os internamentos por covid-19 têm vindo a aumentar nas duas últimas semanas, reflexo do aumento dos contágios — mas a média de idade dos doentes baixou, deixando de atingir os mais idosos, o que pode ser positivo para facilitar recuperações e evitar o aumento da mortalidade.

Além disso, Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região do país que apresenta um índice de transmissibilidade (Rt) do vírus mais elevado, embora tenha descido de 1,16 para 1,12 numa semana. E recorde-se que este indicador estima o número de casos secundários de covid-19 resultantes de uma pessoa infetada. A nível nacional, este índice, que foi hoje atualizado, subiu de 1,05 para 1,07 e a incidência de casos de infeção por 100.000 habitantes subiu de 74,8 para 79,3.

E são todos estes dados que levam a Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública a deixar um lembrete ao país: "a pandemia ainda não acabou". "Temos ainda uma incidência em crescendo, com particular destaque na região de Lisboa e Vale do Tejo, que não podemos ignorar", advertiu Ricardo Mexia.

Nesse sentido, o médico salientou a importância de se manter as medidas de proteção individual como o distanciamento físico, evitar as aglomerações de pessoas, manter uma boa higienização das mãos e o uso da máscara. Nada de novo, mas é necessário que as recomendações sejam relembradas para se avançar.

Mas então e as vacinas? Segundo o especialista em Saúde Pública e epidemiologista, com o aumento da cobertura vacinal as pessoas sentem cada vez mais confiança, mas há outro lembrete a ter em conta: "a vacina não é 100% eficaz", podendo haver pessoas que podem desenvolver a doença mesmo vacinadas — situações "mais benignas da doença", só que tal não impede que a possam transmitir a outros.

Assim, o que deve ser feito? "Apesar de já podermos, e bem, realizar um conjunto de atividades, convém que tenhamos algumas cautelas nesse contexto, para evitarmos que a situação se degrade e que haja eventualmente mais casos junto da nossa família e dos nossos amigos". Fica, mais uma vez, o alerta. No fim de todas estas regras, que o desconfinamento se possa realmente cumprir — e para todos.