Mas os “protestos vão continuar”, segundo contou no local à Lusa Mário Lopes, presidente da Associação de Lesados do Papel Comercial (ALPC), uma das duas associações representativa dos interesses destes investidores prejudicados, e que representa 100 lesados do papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES), vendido pelo Banco Espírito Santo (BES).
“Achamos que a solução não é justa nem correta, pois deve ser feito o pagamento integral a todos os lesados, sem qualquer diferenciação entre eles, porque foram enganados da mesma forma aos balcões do BES”, defendeu.
A solução encontrada pelo Governo para as cerca de 2.000 pessoas que subscreveram papel comercial aos balcões do BES, pensando tratar-se de produtos sem risco, prevê o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros (com limite de 250 mil euros) e de 50% para valores acima de 500 mil euros.
Mário Lopes adiantou já ter sido feita nova proposta pelos lesados, com “ligeiro aumento” do valor a receber, com a mesma percentagem de devolução para todos, uma solução que diz ser “mais justa” e que aguarda a autorização do Governo.
“É isso que estamos à espera que o Governo autorize, não haver distinção entre lesados de primeira e segunda”, afirmou.
Outra lesada do papel comercial, que participou esta manhã no protesto, Fátima Lourenço, reafirmou também não concordar com soluções diferentes para os investidores lesados.
“Não se percebe qual a razão desta distinção”, defendeu a lesada, adiantando que problemas como o dos lesados do BES têm como consequência Portugal ser dos países onde há menor poupança, quando comparada com a de outros.
“Eu própria, educada nos tempos do antigamente, já não sei se é bom poupar ou não”, concluiu Fátima Lourenço.
Os protestos dos lesados em Lisboa prolongam-se durante a tarde, em frente à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), enquanto decorre uma reunião do grupo de trabalho (parlamentar) dos lesados do papel comercial, agendada para as 17:30.
O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank').
Comentários