A necessidade de recorrer a detonações para a construção de um edifício habitacional nos terrenos vizinhos à Escola Secundária de Cascais, no distrito de Lisboa, veio despertar a atenção para problemas com mais de quatro décadas nos edifícios que compõem aquela escola secundária.
Segundo o vereador da Educação da Câmara Municipal de Cascais, Frederico Pinho de Almeida, “as condições que os alunos têm são tudo aquilo que não se deseja num país desenvolvido”.
“Neste momento, a escola continua com as condições que tem, provisória há 44 anos e, obviamente, com o passar dos anos, a escola vai-se degradando cada vez mais”, afirmou.
De acordo o dirigente do Sindicato de Todos os Professores (STOP), André Pestana, a situação agravou-se nos últimos dias em consequência de detonações num terreno muito próximo à escola secundária onde está a ser construído um prédio habitacional.
“Há um condomínio a ser construído ao lado, fazem explosões recorrentes, a estrutura dos edifícios treme e o amianto é libertado”, explicou o dirigente sindical.
À agência Lusa, o vereador explicou que, na terça-feira, a Câmara Municipal enviou à escola uma equipa da Proteção Civil Municipal para inspecionar as condições de segurança dos edifícios, não tendo encontrado “edifícios com danos estruturais nem em risco de colapso”, embora não tenha como verificar se há partículas de amianto soltas no espaço escolar.
Também a equipa de fiscalização de obras que se deslocou ao espaço da antiga praça de touros, onde estão a ser feitas as detonações, encontrou “tudo dentro da normalidade”, não conseguindo precisar durante quanto tempo mais serão feitas as explosões.
“Infelizmente, é uma escola provisória há 44 anos e entrámos num ponto que nos é muito caro. A Câmara Municipal de Cascais já se disponibilizou e entregou concretamente uma proposta de protocolo à Secretária de Estado Alexandra Leitão em que o município, mesmo não tendo competência, mas, apesar disso, e sabendo que o Estado não tem verba para construir nova escola, se disponibilizou e propôs à Secretária de Estado a assinatura de um protocolo em que a Câmara Municipal assume o ónus de 40 milhões [de euros]”, afirmou Frederico Pinho de Almeida.
Relativamente à hipótese de encerrar a escola, ainda que provisoriamente, durante o período de tempo em que seja necessário efetuar detonações para a construção do prédio, o responsável pelo pelouro da Educação no município afirma que “há capacidade para acolher os alunos noutras escolas”.
“Temos escolas em subocupação, têm salas disponíveis. No limite, caso seja decidido o encerramento temporário, há escolas com capacidade”, afirmou.
A Escola Secundária de Cascais tem 642 alunos, distribuídos por 26 turmas que poderiam ser distribuídas por outras escolas secundárias do concelho.
Questionado pela agência Lusa sobre as atuais condições na Escola Secundária de Cascais e a hipótese de ser o município a assumir a construção de uma nova infraestrutura, o Ministério da Educação ainda não deu resposta.
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