Em declarações à imprensa a partir da sua sede, no Cairo, um representante da Liga Árabe exortou todas as partes da Líbia a respeitar o cessar-fogo e a mostrar “boas intenções e respeito em relação aos esforços” para resolver o conflito.
O marechal Jalifa Hafter, comandante do Exército Nacional Líbio (LNA) e ‘homem forte’ no leste da Líbia, aceitou no sábado o cessar-fogo proposto pela Turquia (defensora do Governo de Acordo Nacional – GNA) e pela Rússia, que apoia os militares.
O líder do Governo reconhecido pela ONU, Fayez al Serraj, aceitou o acordo, colocando apenas como condição que Hafter retirasse as tropas que cercavam Trípoli, e saudou “as iniciativas da Rússia e da Turquia para declarar o cessar-fogo”.
Segundo avançou hoje o Ministério da Defesa turco, o cessar-fogo está a ser cumprido desde a sua entrada em vigor, à meia-noite.
“A situação está calma, com exceção de dois incidentes individuais”, afirmou a organização, em comunicado.
Ancara e Doha apoiam o Governo de Trípoli, enquanto Hafter recebe apoio político, militar e económico da Arábia Saudita, Egito, França, Rússia e Emirados Árabes Unidos.
As hostilidades intensificaram-se em 02 de janeiro, quando o LNA empreendeu uma operação quebrando as defesas da cidade estratégica de Sirte e colocando tropas a 100 quilómetros de Misrata, último muro de defesa da capital.
A trégua, proposta pela Rússia e pela Turquia, é a primeira interrupção dos combates desde há meses, sendo, pela primeira vez, intermediada por atores internacionais.
O cessar-fogo surge numa altura em que a Líbia estava à beira de uma grande escalada do conflito, já que os apoiantes estrangeiros dos governos líbios rivais estavam a intensificar o seu envolvimento no conflito de um país que é rico em petróleo.
O acordo foi conseguido, mas ainda se mantêm intensas negociações diplomáticas para encontrar uma solução política para a guerra da Líbia, que paralisa o país há mais de sete anos.
A guerra obrigou à deslocação de centenas de milhares de pessoas e deixou mais de um milhão a sobreviver graças a ajuda humanitária, segundo as Nações Unidas.
As Nações Unidas e as potências europeias, juntamente com os aliados da Líbia na região, pediram a realização de uma cimeira de paz, a realizar em Berlim no início deste ano, que reúna os líderes dos governos rivais e discuta a possibilidade de fazer eleições nacionais.
Mas os conflitos no terreno continuam a ser difíceis de travar.
O governo apoiado pela ONU queixou-se já de ter registado “violações do cessar-fogo minutos depois” da entrada em vigor do acordo, às primeiras horas de hoje, embora sem especificar que tipo de violações.
Ao mesmo tempo, o general das forças de oposição, sediadas no leste do país, garantiu que o seu território foi alvo de vários mísseis, adiantando, no entanto, que os ataques não foram suficientemente grandes para justificar uma resposta.
A última vez que os dois lados fizeram um cessar-fogo foi em agosto, mas por um período muito curto – durante um dia de festa muçulmana.
Comentários