Em abril de 2020, Donald Trump aproveitou a presença de uma especialista em saúde pública durante o seu briefing diário sobre o combate à pandemia para a questionar sobre a eventualidade de sucesso de um tratamento em que se pudesse injetar lixívia nos pulmões.

"Pode fazer-se com que entre nos pulmões. Eu não sou médico. Mas isso teria um efeito tremendo nos pulmões. Pode curar num minuto. Num minuto! Seria interessante investigar-se isso", comentou na altura o presidente dos EUA.

Consequentemente, as afirmações de Trump tornaram-se polémicas e causaram alarme, levando a que uma empresa americana que produz desinfectantes alertasse para os riscos de uso dos seus produtos para tratar a doença covid-19.

Já este ano, uma família norte-americana foi acusada de vender uma lixívia industrial tóxica como cura para o novo coronavírus através da sua igreja, na Florida. As quatro pessoas — Mark Grenon, de 62 anos, e os seus filhos, Jonathan, de 34 anos, Jordan, de 26, e Joseph, de 32 — foram acusados de conspiração para cometer fraude e de dois crimes de desrespeito, cujo objetivo é comparável a acusações de má-fé.

Agora, segundo o The Guardian, Mark Grenon, arcebispo da Igreja Génesis II da Saúde e da Cura, deu uma entrevista a partir da prisão onde se encontra, na Colômbia, afirmando que facultou o produto a Donald Trump — e que foi daí que surgiu a ideia do então presidente dos EUA.

Na entrevista de 90 minutos, Grenon apresenta-se como a fonte da fixação de Trump com os poderes curativos do desinfectante. "Conseguimos dar as garrafas através de um contacto com a família de Trump", afirmou.

O arcebispo já tinha referido anteriormente que tinha escrito para a Casa Branca, exortando o presidente a promover os poderes curativos do produto. Contudo, nesta nova entrevista o homem afirma que a lixívia chegou mesmo às mãos de Donald Trump, que a terá consumido, apesar dos avisos de saúde das agências federais. O jornal britânico tentou confirmar esta informação com o gabinete de Trump, mas não teve qualquer resposta.