“Este episódio não tem nada que ver (só) com a vida política do primeiro-ministro. Tem que ver com a vida de todos nós. Normalizar isto é dar oxigénio à fogueira que vai queimando a confiança no Estado de Direito Democrático”, escreveu o líder centrista na sua conta oficial da rede social Facebook.
Nessa publicação, o presidente do CDS critica a decisão de António Costa de integrar a comissão de honra da recandidatura do presidente benfiquista, Luís Filipe Vieira, na qual também surgem os nomes do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e do líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia.
Confrontado pelos jornalistas no sábado e na segunda-feira, o primeiro-ministro argumentou que o seu apoio à recandidatura do presidente do Benfica “rigorosamente nada” tem a ver com a sua vida política ou funções.
Para Francisco Rodrigues dos Santos, “são precisamente os deveres éticos e morais”, que considerou “tão ou mais relevantes do que a letra da lei”, que “devem orientar a decisão de não associação direta de um primeiro-ministro - ou de qualquer outro político com papel de relevo na nossa democracia - a um presidente de um clube de futebol”.
“Sobretudo, quando foi o primeiro-ministro que aprovou a venda do Novo Banco - com um mecanismo que permite a este banco buscar dinheiro do Estado para se capitalizar - ao qual o presidente que apoia ficou a dever 225 milhões de euros, que foram pagos com o dinheiro de todos nós. Sem que isso motivasse qualquer auditoria para perceber porque é que a dívida não foi paga”, aponta Rodrigues dos Santos.
O líder democrata-cristão salienta que “acresce a violação de sucessivos artigos do código de conduta que o próprio António Costa criou para evitar situações de conflito de interesses, falta de imparcialidade e benefício indevido de terceira pessoa, que envolvessem membros do seu Governo”.
Apontando que o exemplo “não é apenas a melhor forma de influenciar os outros, é a única”, o presidente do CDS assinala que quando se candidatou à liderança do partido, no final do ano passado, deixou “todas as funções que ocupava” no Sporting.
“Entendi que, para evitar conflitos de interesses e credibilizar o cargo a que me propunha, o simples facto de concorrer à presidência impunha-me que traçasse uma linha ética que separasse higienicamente a esfera política do futebol. Assim fiz, e acabei mais tarde por ser eleito presidente do CDS, já completamente livre e solto de outros vínculos”, vinca.
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