A notícia surgiu menos de uma hora depois da primeira reunião entre o chefe do Executivo cessante, Leung Chun-ying, e a nova líder do Governo, Carrie Lam, que venceu a eleição de domingo.
Lam afirmou que, durante a reunião, Leung “respondeu positivamente” ao compromisso de unificar uma cidade dividida.
Sobre as acusações, a chefe do Executivo eleita disse não saber se o ‘timing’ tinha sido deliberado, e sublinhou que a tentativa de sarar divisões “não deve comprometer o Estado de direito”, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP).
A polícia telefonou a três organizadores dos protestos de 79 dias, os cofundadores do Occupy Central Benny Tai, Chu Yiu-ming e Chan Kin-man.
O ativista da Liga dos Sociais Democratas Raphael Wong Ho-ming e o antigo deputado Lee Wing-tat também foram chamados, além dos deputados Tanya Chan e Shiu Ka-chun, e pelo menos dois líderes estudantis.
O jornal de Hong Kong acrescentou que as pessoas contactadas devem deslocar-se à sede da polícia em Wan Chai, onde se espera que sejam detidas e acusadas.
Em comunicado, o grupo pró-democracia Demosisto destacou o momento das chamadas, notando que surgiram “imediatamente depois da vitória de Carrie Lam”.
Lam tem sido apelidada “C.Y. 2.0″, numa referência às iniciais do ainda líder do Executivo, devido a receios de que continue a abordagem do antecessor à dissidência.
Em 2014, manifestantes organizaram um protesto sem precedentes, que bloqueou as principais vias de três zonas da cidade – Admiralty, Mong Kok e Causeway Bay –, para expressar descontentamento com a proposta de reforma política de Pequim, apresentada a 31 de agosto desse ano.
Ao SCMP, Chan Kin-man confirmou ter recebido um telefonema da polícia hoje de manhã para o informar de que enfrenta a acusação de perturbação da ordem pública. Chan disse que vai a tribunal na quinta-feira.
Chan indicou que ele, Chu e Tai já esperavam a acusação, mas chamou a atenção para a altura em que é feita.
“A acusação surge um dia depois da eleição do chefe do Executivo. Obviamente que o Governo não quis afetar a eleição e a campanha”, disse o professor de sociologia.
“Como é que se reparam as divisões sociais com uma decisão destas um dia depois de a nova líder ser eleita”, questionou.
Em resposta às notícias, Lam disse que “não tinha conhecimento” de que qualquer ação tenha sido adiada para prevenir danos à sua campanha.
“Esta é uma ação da atual administração. As acusações são realizadas independentemente pelo Departamento de Justiça, de acordo com a Lei Básica”, disse, sublinhando que o desejo de unir a cidade não pode “comprometer o Estado de direito de Hong Kong”.
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