“Se já se tinha assistido a uma ameaça em Lisboa com os festejos do Sporting podíamos ter aprendido com isso. Não, não aprendemos nada. No Porto ainda foi pior do que aquilo que tinha acontecido” [em Lisboa], respondeu aos jornalistas o líder social-democrata, Rui Rio, no final de uma visita ao centro de acolhimento de Monsanto da Ajuda de Berço, em Lisboa.

Na perspetiva de Rui Rio, o que aconteceu no Porto foi “duplamente pior”: ”porque foi pior e pior porque já devíamos ter aprendido com o que tinha acontecido duas ou três semanas antes”.

Questionado sobre se tinha ficado satisfeito com as explicações do primeiro-ministro, António Costa, sobre os acontecimentos em torno da final da Liga dos Campeões, depois de no fim de semana ter defendido que o Governo e a Câmara do Porto "deviam pedir desculpa aos portugueses", o líder do PSD foi perentório ao responder “claro que não”.

“Para já, demorou não sei quanto tempo a dar a resposta e depois a resposta veio uma resposta assim mitigada a dizer que nem tudo foi bem, mas uma parte foi bem e não sei quê. Aliás, o secretário de Estado do Desporto até disse que a coisa correu muito bem. Eu diria: o que é que faria se corresse mal?”, criticou.

O primeiro-ministro, António Costa, reconheceu na segunda-feira que “não correu tudo bem” com a final e os festejos da Liga dos Campeões de futebol, no Porto, mas não respondeu se havia consequências políticas a retirar.

Também na segunda-feira, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defendeu que o que se passou em Lisboa, com os festejos da conquista do título pelo Sporting, não é comparável nem se repetiu no Porto, onde se realizou a final da Liga dos Campeões de futebol.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte aconselhou no domingo vigilância e redução de contactos nos próximos 14 dias a quem frequentou no sábado, no Porto, locais relacionados com a final da Liga dos Campeões, em futebol.

Milhares de adeptos ingleses rumaram entre quinta-feira e sábado ao Porto para assistir à final da mais importante competição de clubes de futebol, no Estádio do Dragão, numa afluência que causou uma forte presença em locais como a Ribeira, onde se registaram desacatos.

No sábado, após o final do jogo que o Chelsea venceu por 1-0 ao Manchester City, dois adeptos ingleses foram detidos pela PSP após terem agredido agentes policiais, o que fez com que um dos polícias tivesse de ser suturado na face no Hospital Santo António.

Após a partida, cerca de 50 aviões com adeptos das duas equipas partiram do aeroporto Sá Carneiro rumo a Londres e a Manchester.

Não se deve estragar com noites de Santos Populares controlo da pandemia

O líder do PSD defendeu hoje que não se pode estragar com uma noite de Santos Populares o controlo da pandemia, criticando decisões como a da Câmara do Porto de criar condições para que as pessoas saiam à rua.

“Infelizmente não há condições para festejar os Santos Populares nos termos em que todos estamos habituados desde pequeninos, e sabemos como é, porque isso são aglomerados e aglomerados de pessoas e, portanto, mais vale fazermos o sacrifício neste momento de não termos o Santo António, não termos o São João e conseguirmos segurar a pandemia do que numa noite ou em duas noites estragarmos tudo o que temos vindo a conseguir”, respondeu o presidente do PSD, Rui Rio, quando questionado sobre estas festas.

Para Rui Rio, o argumento usado por alguns presidentes de câmara do “balão de oxigénio para a economia” não faz qualquer sentido porque ajudar a economia é conseguir que o país retome “a normalidade o mais depressa possível e não é a faturação em 24 ou 48 horas”, que “até significar prejuízos adicionais futuros”, defendendo “uma coisa estruturada, com pés e cabeça”.

O líder do PSD, que foi precisamente presidente da Câmara do Porto, foi confrontado pelos jornalistas com a decisão do seu sucessor Rui Moreira, a propósito do São João, de criar três zonas de diversões, mas sem concertos na avenida e o habitual fogo-de-artifício devido à pandemia.

“Eu se fosse presidente da Câmara do Porto ou de outro lado qualquer fazia aquilo que acabei de dizer. Eu não criava condições que atraíssem as pessoas a vir para a rua, neste caso no Porto, no dia 23 de junho à noite. Não criava essas condições. Não punha carrosséis, não punha nada disso porque isso cria as condições, chama as pessoas”, criticou.

Apesar de concordar que seria “agradável para as pessoas” uma vez que estas festas são uma tradição à qual as pessoas estão habituadas, Rio considera que não vale a pena “o sacrifício” uma vez que Portugal “está quase à beira de conseguir ultrapassar estas dificuldades” e relançar a economia, a vida social e a vida cultural.

“Está quase, portanto não vamos estragar tudo agora com este tipo de coisas. Um presidente de câmara, em minha opinião, não deve criar as condições para que as pessoas venham para a rua e, portanto, ao pôr carrosséis e coisas dessas na rua estão a criar condições para as pessoas vir para a rua”, condenou.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse na segunda-feira que a festa do “São João haverá sempre” e que aquilo que a autarquia permitiu, “com o parecer das autoridades de saúde, foram três zonas de diversões, onde as pessoas podem ir em condições consideradas de total segurança por parte da Direção-Geral [da Saúde]”.

O autarca assumiu que estas medidas adotadas para os festejos do São João na cidade são importantes para setores que estão parados há meses, mas também para as famílias.

O presidente da Câmara do Porto anunciou que não se vão realizar algumas das habituais iniciativas inseridas nos festejos do São João do Porto, admitindo não saber como é que as pessoas se vão comportar.

“Não vai haver concertos na avenida, não vai haver fogo-de-artifício. Como é que as pessoas vão andar? Não faço ideia. E quando houver ajuntamentos? Se é a PSP que tem de intervir, que intervenha. Não me peçam para dizer o que vai suceder ou não. Lembro-me que no ano passado as pessoas ficaram basicamente em casa, acho que este ano vai haver mais pessoas na rua”, declarou Rui Moreira.

A Câmara de Lisboa não vai autorizar a realização de arraiais populares este ano devido à pandemia de covid-19, anunciou hoje o presidente do município, Fernando Medina, apelando para que os cidadãos compreendam a situação e evitem aglomerações.

"Infelizmente, este ano não vamos poder ter arraiais, não vamos poder ter as comemorações do Santo António com arraiais, dada a situação que vivemos", disse Fernando Medina (PS), acrescentando: "É a decisão sensata, é a decisão avisada nesta fase da pandemia em que são precisos ainda cuidados, são precisos alertas".

Em declarações à agência Lusa, o autarca de Lisboa indicou que, tal como no ano passado, os arraiais "não vão ser licenciados nem pela Câmara nem por Juntas de Freguesia e, por isso, a fiscalização cabe às autoridades, quer à Polícia Municipal, quer à Polícia de Segurança Pública (PSP)".