Em comunicado, a LPN indica que, entre 2013 e 2019, foram identificadas em Portugal 11 águias-imperiais mortas com suspeita de envenenamento, sendo a grande maioria na região do Baixo Alentejo.
Esta organização não-governamental (ONG) para o ambiente refere também que foi nesta região que, no início do ano de 2015, morreu um lince-ibérico envenenado.
A LBP sublinha que os casos de suspeitas de envenenamento de animais selvagens são mais frequentes no início do ano, entre janeiro a março, e, mais tarde, em outubro, embora sejam registados casos ao longo de todo o ano.
Nesse sentido, dá conta que, neste momento, se está no chamado “picos de veneno” e relembra que o envenenamento de animais selvagens pode ser punível até três anos de prisão.
Na nota, a LPN refere que, através do projeto LIFE Imperial, “continua empenhada na luta contra esta prática ilegal, comum na Península Ibérica, e que está referida como uma importante causa de extinções e graves diminuições de populações de animais selvagens em várias partes do mundo”.
A ONG refere que, em Portugal, o uso de veneno foi proibido no final do século XX com a Lei do Lobo e a transposição de diretivas internacionais que impedem o uso de qualquer substância como forma de extermínio, mas no país estão registadas cerca de 40 espécies selvagens afetadas pelo veneno, incluindo quatro espécies criticamente em perigo.
No caso da águia-imperial-ibérica, era uma espécie relativamente abundante no início do século XX, mas, ao longo das últimas décadas, sofreu um declínio acentuado até ao desaparecimento da população reprodutora em Portugal entre finais da década de 1970 e inícios da década de 1980.
No entanto e desde 2003 que a espécie tem vindo a colonizar lentamente o território nacional, apresentando ainda o estatuto de conservação de “criticamente em perigo” e, em 2018, a população nacional totalizou 17 casais distribuídos pelas regiões da Beira Baixa, Alto Alentejo e Baixo Alentejo.
“O envenenamento é uma das maiores ameaças às espécies necrófagas, que se alimentam de cadáveres de outros animais, como é o caso da águia-imperial-ibérica. Também o lobo-ibérico e o lince-ibérico registam casos de morte por envenenamento, reduzindo ainda mais as suas já pequenas populações e o estado de equilíbrio dos ecossistemas”, precisa a LPN.
Esta ONG para o ambiente refere que, além das espécies selvagens, o envenenamento afeta também animais domésticos, que pode atingir acidentalmente os seres humanos, constituindo “um grave problema de saúde pública ao nível da contaminação dos solos, dos recursos hídricos e mesmo de culturas alimentares, já que alguns tóxicos podem permanecer no meio ambiente durante longos períodos em doses suficientemente altas para serem perigosas”.
A LBP aconselha ainda para que se contacte o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, através da linha SOS Ambiente (808200520), em caso de suspeita de animais envenenados, e siga as instruções dadas pelas autoridades.
Em 2015, o projeto LIFE Imperial, coordenado pela LPN, tornou possível a criação de sete equipas cinotécnicas da GNR vocacionadas para a deteção de venenos que se encontram a realizar patrulhas no campo, de modo a evitar casos de potencial envenenamento ou, em caso de envenenamento comprovado, auxiliar à deteção de iscos ou cadáveres adicionais, atuando assim de modo preventivo e reativo.
Segundo a LPN, nas mais de 1.100 patrulhas foram detetadas 29 ocorrências.
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