“Irei solicitar à Autoridade Nacional de Proteção Civil que abra um inquérito, a fim de saber o que é que se passou exatamente e, se for caso para um processo disciplinar, pois que se avance para esse processo disciplinar”, disse Jaime Marta Soares à Lusa.
Em causa está o facto de, alegadamente, o motorista da ambulância não ter parado quando foi recebeu ordens nesse sentido da parte do segurança do hospital.
Contactada pela Lusa, fonte dos órgãos sociais dos Bombeiros de Cabo Ruivo confirmou que a ambulância em causa foi utilizada no âmbito de um “serviço pro bono” feito à RTP e que sabiam "qual era o objetivo: era uma reportagem sobre mobilidade reduzida”.
O presidente da Mesa da Assembleia Geral, António Calado, adiantou que quem conduzia a ambulância era um bombeiro devidamente habilitado e assegurou ser “completamente falso” que tenha tentado fugir ou atropelar o segurança do hospital.
António Calado frisou, ainda, que a ambulância “circulou sempre em espaço público”.
Afirmando não estar, ainda, na posse de todos os elementos porque não ouviu os bombeiros de Cabo Ruivo – que cederam a ambulância em causa –, o presidente da Liga dos Bombeiros classificou como “absolutamente anormal e criticável” toda a situação.
Jaime Marta Soares frisou que “não aceita, em situação alguma, que se tivessem permitido disponibilizar uma ambulância, que tem uma função exclusiva, para esse tipo de atividades”.
“As viaturas dos bombeiros não são para ser usadas nessas situações, a não ser em coisas que tenham interesse público devidamente definido”, disse o responsável.
Numa carta enviada na sexta-feira, as deputadas do PS Gabriela Canavilhas, Eurídice Pereira, Edite Estrela, Luísa Salgueiro e Maria Antónia de Almeida Santos questionam o ministro da Cultura se confirma tratar-se de uma equipa da RTP e se, em caso afirmativo, considera adequado que o serviço público de televisão obtenha imagens de forma dissimulada, não autorizada e, no seu decurso, desafie a autoridade.
Na carta, as deputadas do PS dizem ter tido conhecimento de que uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Cabo Ruivo entrou no acesso principal do Hospital Santa Maria, sendo notório que no seu interior seguia um operador de câmara profissional que procedia à captação de imagens.
"A situação foi detetada pelo vigilante da entrada, que procedeu à comunicação dos factos a quem de direito, tendo este tentado, ainda que em vão, sensibilizar o condutor da dita viatura para que a imobilizasse", lê-se na carta.
No entanto, acrescentam, "além de não ter parado a viatura, o condutor apressou ainda mais a sua marcha, obrigando o vigilante a desviar-se, sob pena de correr risco".
Depois, com a colaboração da PSP presente no local, a ordem também não terá sido acatada pelo condutor da ambulância, que se pôs em fuga.
"A identificação do condutor da ambulância terá sido feita com auxílio policial. Ao que pudemos apurar, terão sido elementos da RTP a alugar a ambulância e o indivíduo que recolhia as imagens seria um operador da RTP", adiantam.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da RTP confirmou a tentativa de entrar naquela unidade hospital dentro de uma ambulância, explicando tratar-se de "uma reportagem que está ainda em fase de produção", e afirmou que a RTP "cumpriu escrupulosamente todas as regras a que está obrigada, seguindo o Código Deontológico dos Jornalistas e o enquadramento legal do país".
Questionado sobre as questões levantadas pelas deputadas do PS no pedido de esclarecimentos ao ministro da Cultura sobre a situação, o presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros de Cabo Ruivo disse “não entender como se envolvem nisto”, porque “há coisas mais escandalosas” a acontecer.
“Já não é a primeira vez. Já tínhamos recebido pedidos de particulares, normalmente por parte de autarquias, associações, etc. Uma coisa é certa, fazemos serviços para particulares”, afirmou.
Contactada pela Lusa, fonte do Hospital de Santa Maria disse apenas que o motorista da ambulância “não parou ao sinal do segurança, assim como não parou ao sinal da polícia”, remetendo outros esclarecimentos para mais tarde.
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