Segundo os promotores do protesto, a organização Climate Save Movement, com o Governo de Jair Bolsonaro, a floresta da Amazónia corre maiores riscos, com consequências para as alterações climáticas e o ambiente mundial.

Daniela Ferreira, da organização, adiantou que o protesto decorreu hoje em cerca de 30 cidades em todo o mundo.

"Estamos aqui para mostrar a nossa mensagem, e que estamos aqui pela Amazónia, pelos animais e pelos povos indígenos", afirmou a representante da organização, em declarações à Lusa, hoje pouco antes das 11:00, hora para que estava convocada a manifestação, em Lisboa.

No local, estavam àquela hora mais polícias do que manifestantes, situação que não se alterou na hora seguinte.

A polícia estava ali, garantiu o comissário Negreiro da PSP, "como estaria noutra qualquer manifestação" para garantir a ordem.

Mas o ambiente não podia ser mais tranquilo. Os manifestantes, que foram chegando a pé ou de bicicleta, à hora marcada apenas se juntaram e exibiram cartazes, com frases como "Amazónia é um dos principais pulmões do mundo", "save the planet, save yourself, save the animals", com a imagem de um golfinho rosa sobre fundo preto, ou "mudança climática depende da mudança do homem".

Alguns, como Diana Moura, 'vegan' desde os 13 anos, estavam ali como podiam estar em qualquer outra manifestação a favor do ambiente.

"O que me leva a estar aqui é que todos temos responsabilidade perante o mundo, perante o nosso clima e perante a nossa natureza", comentou.

Sobre as medidas de Jair Bolsonaro, Diana Moura, pouco sabe. “Não estou muito dentro disso. Sei que mais uma vez se vai destruir mais campos e mais florestas para campos de cultivo, desnecessariamente".

"Achamos por bem que haja esta iniciativa do Climate Save Movement também em Portugal, de forma a mostrar à população a causa da desflorestação, que principalmente é devida à indústria agropecuária, e neste caso também às medidas que Bolsonaro está a efetuar e que estão a prejudicar as tribos indígenas”, defendeu, por seu lado, Daniela Ferreira, que sublinhou a importância de "diminuir o consumo de produtos de origem animal, que contribui para o aumento dos gases com efeito de estufa e para as alterações climáticas”.

A representante do movimento ambientalista diz que uma das medidas mais preocupantes de Bolsonaro é a retirada de pastas que estavam no Ministério do Ambiente brasileiro para ficarem sob a alçada de outras entidades.

Natanael Salvan, um dos poucos brasileiros ali presentes, e ativista do Climate Save Movement, explicou que o movimento juntou agora também às suas causas "a floresta da Amazónia, porque é uma questão preocupante para o mundo todo e não só para o Brasil".

A eleição de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil "alertou muito" as pessoas, considerou Netanael, pela maneira como o novo Presidente brasileiro fala, "muito ligado às questões económicas e não às questões sociais".

"Ele prometeu acabar com o Ministério do Ambiente, não acabou, mas desmantelou e separou várias pastas, partes importantes, entregando-as a outros setores, perdendo-se um pouco as responsabilidades", afirmou o ativista.

Natanael Salvan, que está em Portugal desde o ano passado, sublinhou que já na campanha para as presidenciais brasileiras, Bolsonaro anunciou "muitas coisas que deixaram as pessoas meio aterrorizadas". E acrescentou: "Estamos a um mês e meio do mandato dele e já está conseguindo cumprir muitas coisas prometidas na campanha".

Por exemplo, indicou o ativista, a Funai - Fundação Nacional do Índio, "destinada a cuidar dos direitos dos índios, tinha a proteção da Polícia Federal", mas agora "saiu da Justiça Federal [e por isso] os índios estão totalmente desprotegidos".

Os diálogos de Bolsonaro "dizendo que os índios não têm direito a demarcação, que têm de produzir da mesma maneira que as outras pessoas produzem, dão liberdade para as pessoas invadirem as terras dos índios", considerou, alertando que "apenas com um mês e meio de governação de Bolsonaro, já estão a acontecer várias invasões de terras dos índios" da Amazónia.

O ativista alerta que é necessário as pessoas estejam atentas aos discursos do novo Presidente do Brasil e interpretar o que ele diz.

Assim que foi eleito, Bolsonaro disse que os índios tinham os mesmos direitos que o homem branco, recorda o ativista ambiental, considerando que o que quis dizer com isso é que “os índios, que possuíam as terras demarcadas, podem, agora que têm os mesmos direitos, vender essas terras”.

A questão é "quem é que vai conseguir comprar essas terras”, afirma, considerando que "não é ninguém da agricultura familiar, são as grandes empresas que já estão comprando a Amazónia há muitos anos".

"É isso que está acontecendo com Bolsonaro, que já acontecia nos governos anteriores, mas que tem intensificado a destruição da Amazónia", concluiu Natanael Salvan.

"Ele quer trazer mais dinheiro, mais empresas, gerar uma renda maior, que fica com uma minoria de empresários e de políticos e não é distribuída socialmente", acrescentou.

O serviço florestal brasileiro, o cadastro ambiental rural e a economia da floresta foram designados para a pasta da Agricultura, já o tema das alterações climáticas foi transferido para Economia e Comunicação, Ciência e Tecnologia, e os recursos hídricos e Agência Nacional de Águas começaram a ser discutidos no Desenvolvimento Regional.

"Alguns assuntos simplesmente desapareceram das questões de trabalho como o combate ao desmatamento, a produção económica de comunidades indígenas e a responsabilidade sócioambiental", adiantava a nota que dava conta da realização da manifestação.