A atriz Lori Loughin — mais conhecida pelo seu papel no filme “Full House” — e o seu marido, Mossimo Giannulli, concordaram em cumprir pena de prisão, como parte do acordo no qual se declaram como culpados por fraude. Em causa está o polémico esquema de subornos milionários, que envolveu cerca de 50 pessoas, para garantir o acesso dos filhos a faculdades de prestígio nos Estados Unidos. A informação é avançada pela Associated Press (AP), que se baseia nos documentos que foram entregues esta quinta-feira, 21 de maio, no tribunal federal de Boston.

Segundo as informações da AP, se este acordo for aprovado pelo juiz, Loughin irá passar dois meses na prisão e Giannulli cinco. É esperado que os dois se declarem hoje como culpados, através de uma videoconferência.

O julgamento estava previsto para outubro deste ano. A atriz e o marido eram acusados de suborno, no valor de 500 mil dólares (cerca de 457 mil euros), para que as suas duas filhas pudessem entrar na Universidade do Sul da Califórnia, como membros da equipa de remo — embora, segundo a AP, nenhuma praticasse a modalidade. Na altura, os advogados do casal defenderam que ambos acreditavam que o dinheiro iria para a universidade ou obras de caridade, e não para pagar subornos.

No entanto, para além dos subornos, as autoridades referem também que Loughin e Giannulli ajudaram a criar perfis falsos para as suas filhas, a fim de comprovar a sua vertente atlética — que incluíam fotos das duas adolescentes a posar em máquinas de remo.

Entretanto, os procuradores acabaram por concordar em deixar cair as acusações de suborno federal e lavagem de dinheiro, que foram apresentadas depois de o processo “Operação Varsity Blues” ter sido aberto — um caso em que o Departamento de Justiça norte-americano expôs uma rede de subornos milionários feitos por famílias abastadas, para facilitar o acesso dos filhos a universidades prestigiadas como Yale, Georgetown e Stanford.

Assim, dado que as acusações de suborno já não são aplicáveis, ambos irão declarar-se culpados pelos crimes de fraude. Loughin declarar-se-á como culpada por fraude informática, tendo de pagar uma multa no valor de 150 mil dólares (cerca de 137 mil euros) e completar 100 horas de serviço comunitário. Giannuli, por seu turno, irá declarar-se culpado de um segundo crime de fraude, tendo de pagar uma multa de 250 mil dólares (pouco mais do que 228 mil euros) e cumprir 250 horas de serviço comunitário.

A apresentação deste acordo surgiu como algo inesperado, considerando que há duas semanas o juiz rejeitou o pedido da defesa para arquivar o processo, após alegações de casos de má conduta por parte das autoridades federais.

“Eu penso que eles fizeram uma avaliação calculada de que os riscos eram demasiados” se o caso fosse levado a julgamento, declarou o antigo procurador federal Bradley Simon à Associated Press.

A pena de prisão poderá vir a ser cumprida em casa

Citado pela AP, Bradley Simon afirmou ainda que devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, o casal poderá vir a evitar a prisão e a cumprir a sua pena em casa. Os efeitos da Covid-19 já atrasaram as sentenças de pais que também se declararam como culpados no esquema de subornos universitários — assim como permitiram que outros conseguissem ir para casa mais cedo.

É também importante referir que o Procurador-Geral dos Estados Unidos, William Barr, ordenou ao Departamento Prisional para aumentar o uso do confinamento domiciliário e agilizar a libertação de reclusos de alto risco.

Entre os pais que participaram neste esquema de subornos, encontra-se a atriz Felicity Huffman, que cumpriu quase duas semanas de prisão e pagou uma multa de cerca de 15 mil dólares, por ter conseguido que alguém corrigisse as respostas do exame de adesão à faculdade da filha.

O acusado de liderar o esquema, William Singer, recebeu 25 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) em subornos de pais entre 2011 e fevereiro de 2019.

Nalguns casos, Singer subornava treinadores para aceitarem estudantes nas suas equipas, e noutros criava perfis atléticos falsos para os filhos dos seus clientes, inventando conquistas desportivas e falsificando fotografias dos jovens a praticar desporto.

Além disso, cobrava entre 15 mil e 75 mil dólares (entre, aproximadamente, 13,3 mil e 66,4 mil euros) para corrigir respostas erradas nos exames de admissão universitária dos filhos dos seus clientes ou para que uma pessoa fizesse as provas por eles.

*com agências