A moção que foi hoje publicada no 'site' do partido na Internet não é subscrita por qualquer elemento da direção executiva do partido, designada por Grupo de Contacto.
O congresso do Livre, que se realiza no próximo fim de semana, em Lisboa, vai votar uma moção, subscrita por cinco dos seus membros ou apoiantes, que defende a renúncia da deputada eleita, Joacine Katar Moreira.
Caso contrário, “o Livre não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política”, acrescentam os subscritores da moção.
”Hei-nos chegados a um ponto em que as causas defendidas pelo LIVRE parecem não conseguir sobrepor-se ao ruído constante provocado pelos 'faits divers' mais estapafúrdios; em que o coletivo parece soçobrar numa desmedida exposição mediática do indivíduo; em que o partido se arrisca a ver a sua própria sobrevivência posta em causa”, justificam.
O texto, intitulado de “Recuperar o Livre, resgatar a política”, sublinha que o partido começou a ser conhecido na opinião pública não pelas razões pretendidas, mas por “peripécias, atribulações e polémicas internas”, gerando uma situação “não apenas preocupante como confrangedora”.
"O Livre ficou conhecido, é hoje conhecido, devido às peripécias, atribulações e polémicas internas em que se viu envolvido de outubro até hoje, o que conduziu à degradação da imagem pública e da credibilidade do partido", lamenta-se no texto.
A moção continua, afirmando que a falta de articulação entre os órgãos do partido e o gabinete parlamentar, “agravada pelas constantes declarações à comunicação social, afetaram, de modo insanável” as relações entre os órgãos do Livre e a deputada.
O mal-estar, adiantam, fez-se sentir também entre a deputada eleita e a generalidade dos membros, apoiantes, simpatizantes e votantes do Livre que “com estupefação e tristeza, a ouviram afirmar que ganhou as eleições sozinha”.
Os subscritores salientam que a deputada apresentou “apenas” duas iniciativas ao parlamento, “sendo a primeira, o projeto de lei de alteração à lei da nacionalidade, de particular relevância para o partido, apresentada fora do prazo”.
“Mesmo tendo em conta que o trabalho parlamentar se estende para além do hemiciclo, é manifestamente pouco...”, consideram.
Na moção pode ler-se ainda que as intervenções da deputada no hemiciclo evidenciam “falta de preparação, circunstância que encontra parte da explicação no facto do gabinete parlamentar assumir uma postura dissidente em relação aos órgãos do partido, com destaque para o Grupo de Contacto”.
Por estas razões, "no caso de a deputada não se dispuser a renunciar às suas funções, o Livre não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política", conclui o texto.
O congresso do Livre decorre nos próximos dias 18 e 19 de janeiro, em Lisboa, e a deputada Joacine Katar Moreira não é candidata a nenhum dos órgãos internos do partido.
(Artigo atualizado às 17:40)
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