"Precisamos de ter em Angola um verdadeiro Estado de Direito. Consideramos que o Estado de direito é o elemento essencial para que haja confiança dos agentes na sociedade em que estamos inseridos", afirmou aos jornalistas, à margem do evento, um dia depois de uma investigação jornalística ter revelado esquemas financeiros que, alegadamente, permitiram à empresária angolana Isabel dos Santos retirar cerca de 100 milhões de euros da petrolífera Sonangol para consultoras que controlava direta ou indiretamente.
Em resposta aos jornalistas que o questionaram sobre o que Angola pode obter da primeira Cimeira de Investimento Reino Unido-África, que decorre hoje em Londres, o ministro angolano disse que “ninguém pode estar acima da lei, a lei tem de ser igual para todos".
João Lourenço sucedeu em 2017 a José Eduardo dos Santos, pai de Isabel dos Santos, na chefia de Estado do país e, desde então, tem promovido uma campanha de combate à corrupção a par de várias medidas para mudar o modelo económico do país.
Manuel Nunes Júnior disse que o país está a viver um novo paradigma de governação para promover a instalação "de uma economia de mercado devidamente estruturada", que deixe de estar dependente do petróleo.
O ministro considera que o Reino Unido, enquanto um dos principais centros financeiros do mundo, pode desempenhar um papel na canalização de investimentos necessários em áreas como a agricultura, agroindústria, turismo, indústria transformadora, extrativa ou telecomunicações.
"Estamos nesta cimeira para passar esta mensagem e que mais investimentos fluam para Angola em vários domínios", vincou.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais os portugueses Expresso e SIC, detalhou uma série operações financeiras para empresas ‘offshores’ e consultoras, nalguns casos quando a empresária era administradora da petrolífera pública.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse hoje no discurso de abertura que quer tornar o Reino Unido o "parceiro de investimento favorito" dos países africanos e urgiu os líderes presentes a aproveitar as oportunidades oferecidas pelo pós-Brexit.
A ambição do Governo britânico é fazer do Reino Unido o maior investidor estrangeiro em África até 2022 entre os membros do G7, que inclui também Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos da América.
Mais de 2.000 empresas britânicas operam atualmente em África, cujo investimento é estimado em 36 mil milhões de libras (42 mil milhões de euros).
Para esta primeira Cimeira de Investimento, Boris Johnson conseguiu a participação de 21 dos 54 países africanos, incluindo 16 chefes de Estado, da Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Egito, Gana, Guiné, Marrocos, Moçambique, Nigéria, Quénia, Malaui, Mauritânia, Ilhas Maurícias, Ruanda, Senegal, Serra Leoa e Uganda.
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, cancelou a participação, tendo enviado em representação o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.
O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, vai intervir no painel "Oportunidades de Crescimento em África".
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