Luís Filipe Vieira e os restantes três arguidos da Operação Cartão Vermelho vão passar a segunda noite consecutiva na prisão depois de terem sido identificados e ouvido a comunicação dos factos dos respetivos autos esta quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

O dia de hoje serviu, nas palavras de Magalhães e Silva aos jornalistas à saída do TCIC já depois das 22h00, "apenas para a identificação e o estudo do processo".

A defesa dos quatro arguidos começou a consultar uma parte dos autos de inquérito disponibilizado pelo Ministério Público às 16h00 até praticamente às 22h00. As diligências irão continuar esta sexta-feira cerca das 9h00.

Esta noite, Magalhães e Silva não teceu qualquer comentário nem disse se Vieira ia ou não prestar declarações, mas garantiu que o líder encarnado está "muito triste com toda a situação". Além disso, sugeriu que Vieira continua sereno, apesar de ir passar a segunda noite numa prisão, acrescentando que "uma vez ou outra diz uma graça".

Questionado sobre a intenção de o Ministério Público pedir ao juiz Carlos Alexandre a prisão preventiva do seu cliente, devido ao risco de fuga, o advogado desvalorizou a possibilidade, embora admita que "a gravidade teórica" dos crimes existe.

"Hoje em dia viagens toda agente faz", frisou Magalhães e Silva, que adiantou que a "convicção" de Luís Filipe Vieira é de que está "inocente" de todas as acusações que lhe são imputadas. "Está completamente de consciência tranquila", uma vez que sente que "não cometeu nenhum crime".

Instado a comentador sobre se o seu cliente iria ou não apresentar a demissão — uma vez que vai estar 48 horas detido e sem puder exercer as funções enquanto Presidente do Benfica —, o advogado escusou comentar e não avançou com qualquer informação relativa ao universo encarnado.

Bruno Macedo e Luís Filipe Vieira são duas das quatro pessoas detidas na quarta-feira, suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”.