“Saio com muita tranquilidade para fazer outras coisas”, afirmou Montenegro aos jornalistas, após um encontro de pouco menos de meia hora com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, no último dia que está em São Bento.

Luís Montenegro anunciou que renunciava ao mandato a partir de abril no congresso nacional do PSD, em fevereiro, em Lisboa, durante o qual assumiu críticas diretas a Rio e admitiu um dia vir a candidatar-se à liderança.

Questionado sobre se iria ser oposição Rui Rio, que não apoiou, Luís Montenegro deixou a seguinte frase: “Oposição vou continuar a ser, podem estar descansados, ao Governo do dr. António Costa e aos partidos que o suportam, o PS, PCP e BE.”

O deputado social-democrata recusou a ideia de existir “uma oposição interna no PSD”, preferindo dizer há “um intuito muito vincado” de “todos contribuírem para que a ação política do partido se reforce no ‘score’ eleitoral” em 2019, nas europeias e legislativas.

Relativizou, ainda, as divergências internas, grande parte delas públicas, dentro do partido, elogiando a “diversidade de posições”, advertindo que “a força e a riqueza das lideranças faz-se na pluralidade das opiniões”.

“No essencial, convergimos, numa ou outra matéria temos opiniões diferentes, muitas vezes saímos reforçados por isso mesmo. Só mesmo no BE e no PCP é que toda a gente pensa a mesma coisa em todo o tempo e de igual maneira”, afirmou ainda.

Quanto a metas a impor a Rio, o ex-líder parlamentar social-democrata afirmou ser natural que sejam pedidas vitórias eleitorais a Rio, sendo um PSD um partido de poder.

Rui Rio, admitiu, terá de "manter esta ambição [de vitória] muito viva e construir uma alternativa política", disse, sendo essa uma exigência que não exclusiva do atual presidente, mas sim a "todos os líderes do partido".

Ele, pessoalmente, agora como "militante base", promete "contribuir humildemente" a acrescentar "confiança que as pessoas podem ter no PSD" nas suas intervenções públicas.

Nas declarações aos jornalistas, Montenegro recordou “o privilégio” de ter estado no parlamento nos últimos 16 anos, nomeadamente como líder parlamentar da maioria PSD-CDS e também na oposição, aos governos do PS e agora “da geringonça”, que une socialistas, comunistas, bloquistas e verdes.

Montenegro, que criticou várias vezes Ferro Rodrigues como presidente da Assembleia, realçou a "forma cordata e cordial" como se relacionaram, "com frontalidade, por vezes com quezílias, normais na vida democrática, mas sempre com respeito pelas regras do jogo" democrático.