"Embora existam elementos que demonstrem a atuação por parte da empresa de Mauro Marcondes, no que se refere à prorrogação de benefícios fiscais às empresas Caoa e MMC, não há evidências apropriadas e nem sequer minimamente aptas a demonstrar a existência de ajuste ilícito entre os réus para fins de repasse de valores em favor de Lula e Gilberto Carvalho", concluiu o juiz Frederico Viana, da 10.ª Vara Criminal da Justiça Federal em Brasília.
A acusação contra Lula teve origem na operação Zelotes e foi feita pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2017.
Segundo a acusação, a empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos, que representava a Caoa (Hyundai) e MMC (Mitsubishi do Brasil), teria oferecido seis milhões de reais (1 milhão de euros, no câmbio atual) a Lula e a Carvalho em troca da edição de uma medida provisória que prorrogou incentivos fiscais a empresas de produção automóvel instaladas nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do país.
Nesse âmbito, foram acusados de corrupção Lula da Silva, o ex-ministro e o seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho, o ex-conselheiro do conselho administrativo da Receita Federal José Ricardo da Silva, o lobista Alexandre Paes dos Santos, o ex-presidente da MMC - Mitsubishi Paulo Arantes Ferraz, o empresário Mauro Marcondes Machado e o empresário do Grupo Caoa Carlos Alberto Andrade.
O juiz atendeu assim ao pedido do MPF, que, nas alegações finais apresentadas no mês passado, concluiu não haver provas e pediu a absolvição do ex-presidente e dos demais acusados no caso.
“Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos formulados na peça acusatória e absolvo os acusados dos crimes a eles imputados nos autos desta ação penal”, decidiu o juiz Frederico Viana.
Lula da Silva está ainda a acusado numa outra ação da operação Zelotes, que investiga se ocorreram irregularidades na compra de caças suecos durante o Governo de Dilma Rousseff.
Neste processo, o ex-chefe de Estado brasileiro e o seu filho Luís Cláudio Lula da Silva são acusados de integrar um esquema de tráfico de influências para viabilizar a compra de 36 caças suecos do modelo Gripen e de influenciar a decisão de prorrogar incentivos fiscais a pedido de empresas.
Lula da Silva recuperou os seus direitos políticos este ano, após o Supremo Tribunal Federal anular as suas condenações no âmbito da operação Lava Jato, em Curitiba.
Desta forma, ficaram sem efeito as penas acumuladas de 26 anos que pesavam sobre o antigo presidente, por condenações por corrupção, que já admitiu a possibilidade de concorrer às presidenciais de 2022.
Lula da Silva, de 75 anos, não conseguiu concorrer às eleições de 2018 precisamente porque já estava condenado na ocasião. O antigo chefe de Estado chegou a passar um ano e sete meses na prisão, até ser libertado em novembro de 2019.
Apesar de as condenações de Lula da Silva terem sido anuladas e de voltar a estar elegível, isso não significa que o ex-sindicalista metalúrgico tenha sido inocentado já que os casos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que os vai reavaliar e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados.
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