Num discurso na cidade de Crato, no estado do Ceará, durante um ato de campanha para as eleições municipais de 02 de outubro, o ex-chefe de Estado, citado pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo, afirmou que há exatamente dois anos que “uns jovens do Ministério Público, do Judiciário e da Fazenda [Finanças]” o investigam.
“Quem não pode falar bem de si fala mal dos outros”, referiu.
O histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) reforçou que se descobrirem que ele roubou um centavo, apresentará desculpas em público.
“Mas se não encontrarem, quero que tenham a mesma dignidade e peçam desculpas por desonrar um homem que teve a ousadia de tirar o povo do século XVIII”, referiu, numa alusão aos programas sociais de apoio aos pobres que foram iniciados pelo seu governo.
Lula da Silva defendeu ainda que os brasileiros só devem “respeitar um presidente da República se for eleito pelo voto”.
A frase surge semanas depois de Michel Temer ter assumido a Presidência em definitivo, em decorrência da destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, do mesmo partido de Lula da Silva, por irregularidades orçamentais.
“Num estado machista, tiveram a audácia de eleger uma mulher para a Presidência e isso foi demais para a elite”, comentou Lula da Silva.
Segundo o ex-líder brasileiro, a “perseguição judicial” que diz sofrer é obra de uma “elite económica e política” que “não perdoa que um trabalhador tenha chegado ao poder” no Brasil, um país que “desde o descobrimento tinha sido governado pela aristocracia”.
No discurso, Lula da Silva não fez qualquer comentário direto sobre as acusações de que é alvo.
Lula da Silva foi constituído arguido, juntamente com a mulher e outras seis pessoas, pelo juiz federal Sérgio Moro, encarregue dos processos da Operação Lava Jato, que investiga o maior escândalo de corrupção na história do Brasil, centrado na petrolífera estatal Petrobras.
Em causa na acusação de Lula da Silva estão suspeitas de irregularidades na aquisição de um imóvel e num contrato de armazenamento de bens, ambos envolvendo a empreiteira OAS, que tem estado implicada na Operação Lava Jato.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), o ex-Presidente foi beneficiado pela empresa como compensação por ações no esquema de corrupção da Petrobras.
Lula da Silva tem negado as acusações de irregularidades e insistido ser alvo de perseguição política, numa altura em que se fala na sua recandidatura à Presidência do Brasil em 2018.
O antigo líder do país também é arguido por alegadas tentativas de obstrução da Lava Jato.
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