Depois de discursar em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, fortaleza improvisada de Lula da Silva nos últimos dois dias, o ex-presidente do Brasil sentiu-se mal, tendo sido pedida a ajuda de médicos presentes no local.
Pouco depois, a organização adiantou que Lula já se estava a sentir melhor e atribuiu a indisposição ao calor que se faz sentir em São Paulo.
O incidente, que ao que tudo indica não será grave, teve lugar após um discurso mobilizador do ex-presidente, em que finalmente confirmou que se iria entregar às autoridades. Lula prometeu falar ontem, mas os prazos foram sucessivamente adiados, enquanto na justiça corriam pedidos para impedir a prisão imediata do ex-presidente — todas sem sucesso.
Nesta intervenção (que pode ler aqui), Lula disse estar a ser processado por um apartamento que não é seu e garantiu que não é contra a investigação Lava Jato — o maior escândalo de corrupção do Brasil. O ex-presidente apontou o dedo à comunicação social e aos juízes que são incapazes de ir contra a opinião pública.
"É que você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa. Porque o juiz depois fala que não pode ir contra a opinião pública. Quem quiser julgar com base na opinião pública que largue a toga e vá ser candidato", defendeu. "Eu fico imaginado a tesão da Veja e da Globo colocando uma fotografia minha preso. (...) eles decretaram a minha prisão, e eu vou atender o mandato deles, porque quero transferir a responsabilidade", acrescentou, deixando assim claro que a sua decisão era entregar-se às autoridades.
Todavia, salientou: "A morte de um combatente não para a revolução".
"Se dependesse da minha vontade, eu não ia [entregar-se]. Mas eu vou (...) para eles saberem que vou provar a minha inocência". "É com a cabeça erguida quero chegar ao pé do delegado e dizer 'estou à sua disposição'", diz Lula, acrescentando que "a História vai provar que quem cometeu o crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou."
"Eu sairei dessa [situação] maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente", disse o ex-presidente já no fim do tão aguardado discurso.
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tem permanecido no edifício da cidade brasileira de São Bernardo do Campo do Sindicato dos Metalúrgicos, violando o prazo de detenção decretado pelo juiz Sérgio Moro, que terminou ontem, sexta-feira, 6 de abril.
Hoje, o Supremo Tribunal Federal negou o mais recente pedido da defesa de Lula. Vários foram já tentados nos últimos dias, sem sucesso.
A prisão do ex-chefe de Estado — condenado a 12 anos e um mês de cadeia — está relacionada com um dos processos da Operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção do Brasil. Lula foi condenado por ter recebido um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos com a petrolífera estatal Petrobras.
A execução provisória da pena não deverá impedir juridicamente a candidatura presidencial de Lula da Silva, à frente nas sondagens para as eleições de outubro.
Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011).
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