“Efetivamente, o Secretariado Nacional recebeu uma carta de Filipe Sousa, minutos antes de um debate alargado – a 25 de julho - entre este órgão executivo e vários militantes do partido (a pedido destes), onde o atual autarca do município de Santa Cruz não marcou presença”, diz o comunicado do JPP enviado hoje à agência Lusa.
No mesmo documento, é referido que na carta, Filipe Sousa “manifestou a vontade de se demitir do cargo de presidente do JPP, reeleição ocorrida em janeiro deste ano, justificando a decisão com o facto de querer “exercer e terminar o mandato de presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz com total liberdade, acima de tudo de expressão”.
O Secretariado do JPP menciona que o presidente também argumenta que esta decisão visa “permitir total liberdade e desapego de “queixas e queixinhas” que chegam à Comissão Nacional de Eleições, cumprindo o mandato concedido pelos cidadãos que o elegeram”.
“Perante uma decisão pessoal de, primeiramente, não integrar a lista candidata à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira e, posteriormente, optar por dedicar-se ao mandato em Santa Cruz de forma incondicional, demitindo-se do cargo de presidente do partido, o Secretariado Nacional do JPP mais não fez do que respeitar esta mesma decisão”, declaram os responsáveis do Juntos Pelo Povo no mesmo comunicado.
Este órgão executivo destaca o “papel de Filipe Sousa e da sua entrega abnegada e intransigente ao trabalho em prol do povo de Santa Cruz, na defesa dos mais fracos e dos direitos dos santa-cruzenses”.
Ainda reforça que este partido “conta com todos os “Filipes”, militantes ou simpatizantes, para enfrentar os duros combates que se avizinham: Em Frente, Sem Medo!”.
No documento, o Secretariado Nacional sublinha que “os períodos eleitorais e de organização de listas são sempre momentos em que o JPP debate, dialoga mas, acima de tudo, mantém o espírito democrático que sempre caracterizou o partido”.
Fonte do Secretariado disse à agência Lusa que ocorreu uma primeira reunião para elaboração da lista de candidatos às eleições regionais de 24 de setembro, que é encabeçada pelo secretário-geral, Élvio Sousa.
Tendo surgido algumas divergências sobre o lugar em que surgia o presidente do JPP, foram colocadas à votação duas listas, tendo sido aprovada por maioria aquela em que Filipe Sousa ficava em quinto lugar, a qual foi ratificada pela comissão política do JPP, numa reunião a 20 de julho.
A fonte adiantou que Filipe Sousa começou por apoiar o processo, mas mudou entretanto de opinião.
“Como ainda não oficializou esta decisão ainda estamos a tentar revertê-la”, apontou.
De acordo com os estatutos, a efetivar-se, o JPP tem de convocar um congresso extraordinário, mas, tendo em conta que estão agendadas eleições para 24 de setembro, sendo “uma situação excecional, o secretário-geral, Élvio Sousa, pode indicar entretanto um nome ou assumir as responsabilidades”, admitiu.
A notícia sobre a eventual demissão do presidente do JPP, Filipe Sousa, foi hoje avançada pelos matutinos madeirenses.
A Lusa tentou contactar Filipe Sousa, mas ainda não conseguiu falar com o também presidente da Câmara de Santa Cruz.
O JPP surgiu como movimento de cidadãos no concelho de Santa Cruz, em 2009, tendo conseguido retirar a maioria absoluta que o PSD sempre detivera neste município contíguo a leste do Funchal.
Em 2015 tornou-se no 21.º partido português a concorrer às Regionais e elegeu cinco deputados para a Assembleia Legislativa da Madeira. Em 2019, o grupo parlamentar ficou reduzido a três elementos.
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