"Hoje ocupamos cinco portos fundamentais do país: Guanta, La Guaira, Puerto Cabello, Maracaibo e Guamache", disse Maduro à Nação no seu programa televisivo, depois de se reunir com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

O Presidente decidiu nomear "uma autoridade única para cada um desses cinco portos" e designou o general Efraín Velasco Lugo como presidente da Estatal Bolivariana de Portos, sendo responsável por administrar as instalações de carga marítima do país.

A expectativa de Maduro é de que “com a ocupação cívico-militar dos portos, (…) estes comecem a funcionar como têm de funcionar”.

Esta terça-feira, o governante decidiu que "todo o comando do abastecimento no país" estará nas suas mãos e nas do ministro da Defesa, ou seja, todos os demais ficarão subordinados ao que chamou de "comando presidencial de união cívico-militar".

Este plano foi ativado no âmbito de um decreto de estado de exceção e de emergência económica prorrogado a 13 de maio. O decreto concede amplos poderes a Nicolás Maduro.

A situação na Venezuela agravou-se esta semana com a decisão do Citibank - responsável pelo pagamento das contas do país no exterior - de fechar a conta usada pelo Banco Central venezuelano para os pagamentos internacionais.

Por intermédio do Citibank, a Venezuela paga todas as suas contas nos Estados Unidos e no mundo, e a medida põe o país em grandes dificuldades, já que, agora, precisará encontrar outro banco para evitar ficar à margem do sistema financeiro internacional.

A decisão do Citibank  segue-se aos anúncios já feitos de encerramentos, ou cortes nas operações, de várias empresas na Venezuela, como Coca Cola, os grupos americanos Kraft Heinz e Clorox, ou as companhias aéreas Lufthansa, Aeroméxico, ou American Airlines.

Cumprindo a ameaça de intervir nas empresas que paralisarem suas operações, o governo assumiu segunda-feira o controlo da fábrica da empresa americana de produtos de higiene pessoal Kimberly-Clark, entregando-a aos trabalhadores. A companhia havia suspendido as suas operações por causa da "deterioração" da economia venezuelana.

O país com as maiores reservas de petróleo do mundo sofre uma grave crise, impulsionada queda dos preços do petróleo, com uma escassez de alimentos e remédios que chega aos 80%, além de uma inflação de 180% em 2015. A projeção para 2016 do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que esta atinja os 720%.

Os críticos do governo afirmam que a crise é resultado do modelo socialista e do regime de controlo cambial em vigor desde 2003. Maduro rebate as acusações, dizendo-se vítima de uma "guerra económica" que tenta provocar o mal-estar da população para derrubá-lo.