“Nós, na Venezuela, não queremos um conflito armado na nossa região. Queremos relações fraternas, de cooperação, de intercâmbio e de respeito”, escreveu o líder venezuelano no documento lido aos jornalistas pelo ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza.
“Não podemos aceitar ameaças bélicas nem bloqueios, nem tão pouco a intenção de instalar uma tutelagem internacional que viole a nossa soberania e ignore os avanços do ano passado no sincero diálogo político entre o Governo e uma grande parte da oposição venezuelana, que deseja soluções políticas e não guerras por petróleo”, acrescentou Maduro.
Na carta, o Presidente da Venezuela apela “ao povo dos EUA para que trave essa loucura, para que responsabilize os seus governantes e os obrigue a focar a sua atenção e recursos na atenção urgente à pandemia” da covid-19.
“Peço, junto com o cessar das ameaças militares, o fim das sanções ilegais e do bloqueio que restringe o acesso a apoios humanitários, tão necessários hoje no país (…), que não permitam que o vosso país seja arrastado uma vez mais para outro conflito interminável, outro Vietname ou outro Iraque, mas desta vez mais perto de casa”, apelou.
A carta explica que o mundo está paralisado a tentar controlar a pandemia do coronavírus, um combate em que a Venezuela tem “algumas vantagens”, como medidas de isolamento desde muito cedo e a ampliação da triagem com base num “sistema de saúde público e gratuito, com médicos de família em todo o país”.
“A solidariedade de Cuba, China, Rússia e o apoio da Organização Mundial da Saúde têm-nos permitido obter os apoios médicos necessários, apesar das sanções ilegais de Donald Trump”, sublinhou Nicolas Maduro.
“Enquanto o mundo se concentra em responder à emergência da covid-19, o Governo de Trump, instrumentalizando uma vez mais as instituições para alcançar os seus objetivos eleitorais e baseando-se em infâmias sob o pretexto da luta contra as drogas, ordenou o maior desdobramento militar dos Estados Unidos na nossa região em 30 anos, a fim de ameaçar a Venezuela e levar a nossa região a um conflito bélico, custoso e sangrento de duração indefinida”, acrescentou.
Segundo a carta, em 26 de março, “William Barr, um procurador-geral de independência questionável” que “recomendou a invasão do Panamá contra [Manuel António] Noriega em 1989 e ajudou a encobrir as irregularidades do escândalo Irão-Contras”, apresentou, “sem mostrar qualquer prova, acusações de tráfico de drogas para os Estados Unidos contra mim [Nicolás Maduro] e contra altos funcionários do Estado venezuelano”.
Isto, “apesar de as informações do próprio Departamento de Defesa demonstrarem que a Venezuela não é um país de trânsito primário de drogas para os EUA, como o são países aliados de Washington, como a Colômbia ou as Honduras”.
“Trump constrói uma cortina de fumo para ocultar o seu manejo improvisado e errático da pandemia” de covid-19, cuja importância “subestimou e negou”.
“Apesar de ter os recursos, não está na disposição de transformar o sistema de saúde [norte-americano] para dar prioridade ao atendimento integral da população e não ao lucro da medicina privada, seguradoras e produtos farmacêuticos”, escreveu.
No documento, Nicolás Maduro convida os norte-americanos a lutarem com os venezuelanos por uma sociedade mais justa, livre e compassiva.
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