Lai, de 74 anos, foi ainda multado em 2 milhões de dólares de Hong Kong (quase 243.600 euros) por defraudar uma empresa governamental ao permitir que uma consultora operasse sem autorização nos escritórios do jornal Apple Daily.
Na decisão inicial, tomada no final de outubro, o tribunal decidiu que isso violava os contratos de aluguer com a Hong Kong Science and Technology Parks Corp. e que Lai havia ocultado o fato de que a consultora estava a ocupar um espaço no edifício.
O juiz Stanley Chan sublinhou hoje que a alegada fraude ocorreu ao longo de duas décadas, entre 1998 e 2020, acrescentando que Lai não demonstrou qualquer arrependimento durante o julgamento.
Um ex-colega de Lai no Apple Daily, Wong Wai-keung, que foi condenado por uma única acusação de fraude no caso, irá cumprir 21 meses de prisão, decidiu o juiz.
Jimmy Lai já está a cumprir uma pena de prisão pelo papel nos protestos pró-democracia de 2019, em Hong Kong.
O empresário enfrenta ainda um julgamento por conspiração, que era para começar a 01 de dezembro, mas foi adiado, após as autoridades terem pedido a Pequim para decidir se Lai pode contratar um advogado estrangeiro.
Lai enfrenta uma possível sentença de prisão perpétua se for condenado ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, que entrou em vigor em 2020, um ano depois dos protestos antigovernamentais que abalaram a região administrativa especial chinesa.
O Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, o parlamento chinês, deverá decidir, na próxima reunião, marcada para terça-feira, se a região pode ou não impedir advogados vindos do estrangeiro de intervir em casos de segurança nacional.
O regime legal de Hong Kong, semelhante ao do Reino Unido, permite que advogados da Commonwealth, organização que reúne as antigas colónias britânicas, exerçam na região chinesa.
O Apple Daily, um diário crítico do poder chinês, tinha apoiado o movimento antigovernamental, em 2019. O jornal fechou em meados de 2021, depois de os seus fundos terem sido congelados, e alguns dos executivos, incluindo Jimmy Lai, detidos sob a acusação de violarem a Lei de Segurança Nacional.
Hong Kong caiu para 148.º lugar no índice mundial de liberdade de imprensa da organização não-governamental internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) deste ano.
Em 2002, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o território foi classificado em 18.º lugar e considerado um paraíso para a liberdade de expressão na Ásia.
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