“A cultura de proteção civil assenta fundamentalmente nisto: antecipar cenários, estar tecnologicamente preparado ao nível do melhor que se faz em todo o mundo para agir nesses cenários e testar. Para que no dia em que a ocorrência suceda todos saibam o que fazer nesse momento”, disse aos jornalistas Eduardo Cabrita.

Mais de 3.600 operacionais, 150 dos quais de cinco países europeus, e 2.200 figurantes participam desde terça-feira e até sábado no maior exercício de proteção civil realizado em Portugal.

Organizado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), com a colaboração da Direção-Geral da Autoridade Marítima e cofinanciado em 80% pela União Europeia, o exercício europeu de proteção civil 'CASCADE’19' tem um custo de 1,3 milhões de euros e decorre nos distritos de Aveiro, Évora, Lisboa e Setúbal.

O ministro visitou hoje o Posto de Comando Nacional e um dos cenários do exercício em Sintra.

“Este exercício corresponde a um grande esforço da proteção civil portuguesa envolvendo todos os agentes de proteção nacionais, locais, regionais em mais de 20 municípios e combinando cenários particularmente adversos”, disse o governante.

Eduardo Cabrita referiu que em causa está “a conjugação de um ciclone que afeta as zonas costeiras da região de Aveiro com um sismo de grande dimensão, afetando a área metropolitana de Lisboa e os distritos de Setúbal e Évora”.

O ministro realçou que uma das particularidades desta iniciativa é que quem está a fazer o exercício “não sabe exatamente qual a dimensão, em que momento e a que tipo de circunstâncias vão acorrer”.

Eduardo Cabrita afirmou que, por vezes, há a ideia em Portugal que a proteção civil é apenas resposta a incêndios rurais, mas “é muito mais” do que isso, devendo existir a consciência que há zonas do país de risco sísmico.

“Por isso temos de reforçar a prevenção, reforçar a consciência do que fazer em circunstância de risco, reforçar a preparação entre os agentes”, precisou.

O ministro referiu ainda que a estrutura europeia de proteção civil está representada neste exercício ao seu "mais alto nível" e Portugal “tem hoje uma posição muito ativa quer na reforma e no reforço do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, quer na preparação técnica”.

Por sua vez, o presidente da ANEPC, Mourato Nunes, fez um balanço do exercício, apesar das equipas nacionais e internacionais avaliarem esta iniciativa no final.

“Até 10:00 o exercício está a superar as expectativas relativamente à capacidade de resposta e aos incidentes que têm sido injetados e têm sido muitos, alguns inopinados e alguns extremamente complexos”, disse Mourato Nunes, frisando que os agentes de proteção civil têm tido uma capacidade de resposta “atempada e qualitativa”.

O presidente do ANEPC afirmou ainda que o exercício está a responder aos objetivos.

O exercício será objeto de avaliação por parte de um conjunto de observadores e avaliadores nacionais e estrangeiros como o objetivo de identificar as boas práticas, falhas e constrangimentos, e melhorar aos diversos níveis os processos de gestão das emergências.

O CASCADE’19 visa treinar a resposta internacional na sequência do acionamento do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia e, simultaneamente, a resposta interna a emergências de elevada complexidade.

O exercício vai permitir aprovar uma diretiva operacional nacional para acolhimento de assistência internacional.