Em declarações à imprensa, em Luanda, à margem de uma conferência nacional em alusão ao Dia Mundial da Saúde Mental, que hoje se assinala, a coordenadora do Programa Nacional de Saúde Mental de Angola, Massoxi Vigário, explicou que a situação do país tende “a aumentar do ponto de vista negativo”.
“Só no último semestre do presente ano, nós temos de uma maneira geral um número aproximado de 10.133 casos de pacientes diagnosticados em saúde mental. Neste número estamos a falar de pacientes que buscam a saúde mental”, observou.
De acordo com a responsável do Ministério da Saúde de Angola, o quadro da saúde mental é caracterizado de preocupante e a existência de um único Hospital Psiquiátrico na capital, para acompanhar esta realidade, tende a complicar a situação.
“A Saúde Mental no Local de Trabalho” é o lema das celebrações do Dia Mundial da Saúde Mental e Angola assinalou a data com esta conferência nacional que decorre até quarta-feira no Centro de Imprensa Aníbal de Melo (CIAM), em Luanda.
Segundo Massoxi Vigário, estão a aumentar os números envolvendo estas doenças, mas “aumenta igualmente” a procura pelos serviços médicos, sobretudo nas províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Malanje, Cabinda e Huambo, onde estão disponíveis os serviços no quadro Rede Integrada de Serviços de Saúde Mental, criada em 2013.
“Vamos vendo a busca pelos serviços anualmente e os números tendem a aumentar com o reflexo de que as doenças estão a crescer, mas com consciência de que a doença é tratável e prevenível”, realçou.
Questionada sobre as patologias mais frequentes no quadro das doenças do fórum psíquico a coordenadora do Programa Nacional de Saúde Mental de Angola fez saber que os quadros de “descompensação” são já preocupantes.
“Há muita gente descompensada nas ruas embora, nem toda a gente descompensada seja de facto esquizofrénico, mas podem sim estar a viver um outro problemas social. Mas claramente existe um número considerável de transtornos de esquizofrenia no nosso quadro de saúde mental”, acrescentou.
Em relação ao autismo, distúrbio neurológico de desenvolvimento, Massoxi Vigário, admitiu que “pouca atenção tem sido dada a esta psicopatologia”, devido à “falta de recursos” humanos” para responderem a este problema, entre outros.
“Nós de facto temos pouca atenção voltada para essa questão porque nos faltam maiores recursos, embora exista um grande apoio da sociedade civil organizada com associações com atenção especial ao autismo. E nós, Ministério da Saúde, vamos dando o nosso contributo e ainda temos a gritante falta de capital humano”, concluiu.
Na mesma ocasião, o diretor nacional de Saúde Pública de Angola, Miguel de Oliveira, defendeu a necessidade de formação e capacitação de quadros angolanos, bem como o atendimento “numa perspetiva multissetorial e multidisciplinar”.
Já o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, Hernando Agudelo, alertou, na mesma conferência, que a saúde mental tem um impacto negativo na condição laboral dos trabalhadores, por agravar o absentismo, a produtividade e o desemprego.
“A OMS considera por isso que o Dia Mundial da Saúde Mental oferece uma oportunidade para incentivar um debate franco sobre os problemas do quotidiano e promover práticas que nos orientem para reduzir comportamentos negativos, capacitar indivíduos e agir”, disse.
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