No seu relatório, a missão das Nações Unidas de assistência ao Iraque e o gabinete dos direitos Humanos da ONU apelam às autoridades iraquianas que preservem estes locais para que seja possível extrair provas dos crimes dos extremistas islâmicos e dar respostas às famílias dos desaparecidos.
De entre as valas comuns, descobertas nas províncias de Ninive, Kirkuk e Salaheddine (norte), bem como em al-Anbar (oeste), apenas 28 foram investigadas e 1.258 corpos exumados pelas autoridades iraquianas, segundo a ONU.
A organização admite que algumas escondam vários milhares de cadáveres, como é provavelmente o caso de uma cavidade natural a sul de Mossul, o antigo bastião do Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque, onde os habitantes contam que os jihadistas executavam diariamente dezenas de iraquianos, nomeadamente membros das forças de segurança.
Mais de um ano após o anúncio por Bagdad da sua vitória sobre o EI, “as provas reunidas nestes locais serão centrais”, defende o relatório, que pede às autoridades que preservem as valas e realizem exumações seguindo as regras.
Só assim será possível “garantir investigações credíveis, processos e condenações conformes com os padrões internacionais”, afirmam os autores do relatório da ONU.
Segundo o documento, os extremistas perpetraram durante três anos “violações sistemáticas dos direitos humanos e do direito humanitário, atos que podem constituir crimes de guerra, crimes contra a humanidade e um possível genocídio”.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que embora os “crimes horríveis do EI no Iraque já não façam manchetes nos jornais, o trauma das famílias das vítimas continua e o destino de milhares de mulheres, homens e crianças ainda é desconhecido”.
“Determinar as circunstâncias destas muitas mortes será uma etapa importante no processo de luto das famílias e no percurso para garantir o seu direito à verdade e à justiça”, disse por seu lado o relator especial da ONU no Iraque, Jan Kubis.
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