Nos anos de 2020 e 2021, profundamente marcados pela pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, verificou-se a saída de mais de 2500 médicos e enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS), entre fins de contrato e rescisões.

Os números da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), noticiad0s esta quarta-feira pelo jornal Público, indicam que por termo e/ou rescisão de contrato 1285 médicos especialistas e 3647 enfermeiros saíram do SNS, sendo que destes 4.932 profissionais, "38% dos médicos especialistas e 49% dos enfermeiros encontravam-se em fevereiro de 2022 com contrato de trabalho ativo em unidades do SNS”.

Descontando os regressos, os dados divulgados revelam que nestes dois anos, cerca de 800 médicos e de 1800 enfermeiros deixaram o SNS. No entanto, a ACSS sublinha que, neste mesmo período, “o número total de médicos especialistas registou um aumento de 1210 efetivos, assim como o número total de enfermeiros sofreu um aumento de 4473 profissionais”.

Nos últimos seis anos, entre dezembro de 2015 e março deste ano, o organismo do Ministério da Saúde contabiliza um saldo positivo no SNS de mais 4198 médicos e de 11.848 enfermeiros.

Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, assume que o problema de falta de profissionais de saúde "é muito preocupante".

“O Ministério da Saúde diz que contratou centenas de médicos, mas a verdade é que os serviços de urgência da esmagadora maioria dos hospitais tem equipas depauperadas em quantidade e em qualidade. Há cada vez mais prestações de serviço”, diz.

Roque da Cunha assume que vários médicos tenham decidido sair após maio de 2021, há cerca de um ano, depois do fim do estado de emergência, altura em que terminou a imposição do Governo que limitava as saídas do SNS.

“Dos médicos que deixaram de ser associados para ir para o privado no último ano, 80% fê-lo depois de maio”, explica, criticando esta imposição como uma “medida populista” que acabou por levar a mais saídas do sistema público.

O sindicalista salienta ainda “os cerca de 1700 médicos que se reformam em média por ano, as baixas por doença e as licenças de parentalidade” que não estão contabilizados nos números acima.

“A dimensão do problema é muito preocupante”, diz.

A grande razão para as saídas do SNS para o privado estão relacionadas com condições laborais, um problema reconhecido pela ministra da Saúde Marta Temido que diz que o Orçamento de Estado para 2022 já dá passos no sentido de resolver esses problemas.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.