A organização internacional Four Paws (Quatro Patas) sedou os 43 animais magros e frágeis — entre os quais cinco leões, um lobo, raposas, macacos, avestruzes e gazelas -, retirou-os das jaulas em que se encontravam fechados “em condições horríveis” e levou-os em camiões para a Jordânia, via Israel, após longas negociações com as autoridades israelitas, que controlam as entradas e saídas de todo o tipo daquele território palestiniano.

Os animais “não estão em grande forma, mas o seu estado é suficientemente estável” para viajarem até uma reserva na Jordânia, a cerca de 300 quilómetros do enclave palestiniano, observou Martin Bauer, porta-voz da Four Paws, indicando tratar-se da maior operação levada a cabo pela organização.

“Este zoo enfrentou muitos problemas. É o mais antigo de Gaza. Muitos animais morreram, devido às condições meteorológicas e económicas, além dos problemas militares em Gaza. Manter o zoo era uma carga para o proprietário”, declarou Amir Jalil, também da Four Paws, salientando que a situação era especialmente penosa para os predadores de grande porte, encerrados em jaulas demasiado pequenas.

O zoo de Rafah tornou-se tristemente célebre em janeiro deste ano, quando quatro crias de leão morreram de frio, e pouco depois, foram divulgadas imagens de uma leoa à qual estavam a cortar as unhas com tesouras de podar.

“Espero que ninguém tenha que passar pelo que eu tenho passado. Criei alguns destes animais durante mais de 20 anos e perdi-os todos num momento”, lamentou Fathi Jomaa, o dono do zoo, dizendo esperar que agora possam ter uma vida melhor.

Na Faixa de Gaza, onde não há legislação para proteger os direitos dos animais, chegaram a existir seis jardins zoológicos, mas cinco deles encerraram devido à falta de visitantes e a dificuldades financeiras.

A situação económica no enclave costeiro palestiniano deteriorou-se gravemente desde que o movimento islâmico radical Hamas subiu ao poder, em 2007, altura em que Israel — que, como os Estados Unidos e a União Europeia, entre outros, o considera um grupo terrorista — impôs um bloqueio por terra, mar e ar.

Encurralada entre o Mediterrâneo, Israel e o Egito, a Faixa de Gaza é um território esgotado por guerras, pobreza e escassez. Desde 2008, o Hamas e Israel travaram três guerras.

Segundo a Four Paws, muitos dos inquilinos do zoo de Rafah morreram em bombardeamentos ocorridos desde a sua abertura, em 1999. Os animais chegavam ali através de túneis que ligam a Faixa de Gaza ao Egito, atualmente quase todos selados.

A organização já tinha realizado operações de retirada de animais de Gaza, uma das quais a do único tigre existente naquele enclave, em 2016.

Em 2017, salvou também um leão e um urso de um jardim zoológico em Mossul, antigo bastião do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico no Iraque.