"Estamos numa guerra contra o vírus e vamos dar o máximo que podemos para adiantar o processo de vacinação, levando ao limite". Foram estas as palavras do coordenador da task-force, vice-almirante Gouveia e Melo, para justificar a decisão que foi hoje conhecida: o número de pessoas vacinadas por dia vai aumentar nas próximas duas semanas, devido à rápida disseminação da variante Delta.
"Estamos a um ritmo de 100 mil por dia, mas ainda vamos aumentar esse ritmo e vamos esgotar todos os nossos stocks de vacinas, eventualmente reduzindo alguma segurança em termos de reserva, mas para adiantar o processo de vacinação", disse.
Desta forma, as próximas duas semanas, explicou, são decisivas pelo que é expectável que o ritmo de vacinação suba para mais de 120 mil vacinas por dia de forma consistente — o que fará com que a vacinação atinja por semana mais de 800 mil vacinas.
"Estamos a usar todos os nossos métodos de agendamento, online, central, local e através do sistema de casa aberta para elevar ao limite. Haverá dias em que podemos chegar ou ultrapassar a capacidade dos 140 mil por dia, vamos alargar horários e reforçar as nossas equipas", adiantou.
Todavia, esta forma de ataque ao vírus também tem as suas desvantagens: "eventualmente poderão ocorrer algumas filas indesejáveis, o processo não será tão rápido como o desejável". Mas, segundo o vice-almirante, esta "é a moeda de troca entre a qualidade do processo pelo ritmo de vacinação e pela urgência". E "nesta fase temos de privilegiar a urgência".
Sobre a vacinação, soube-se também hoje mais alguns dados relativamente aos efeitos secundários: o Infarmed registou quase 8.500 suspeitas de reações adversas à vacina contra a covid-19, entre as quais 55 casos de morte em idosos — com uma mediana de idades de 78 anos e não haverá necessariamente uma relação causal com a vacina administrada.
A reação mais notificada é a mialgia, seguida de dores de cabeça, dor no local de injeção, febre, calafrios, fadiga, náusea, entre outras. "Na maioria dos casos, o desconforto causado pela dor ou febre é um sinal normal de que o sistema imunitário está a reagir e estas reações resolvem em poucas horas ou dias, sem necessidade de intervenção médica, e não deixando sequelas", refere o Infarmed.
Enquanto por cá se dá gás à vacinação, o Reino Unido está já a olhar para o próximo inverno: os especialistas afirmam a necessidade de inocular a população mais idosa e vulnerável a partir de setembro com uma terceira dose da vacina contra o SARS-CoV-2 — mas o governo britânico ainda não tomou uma decisão.
Em Portugal, a Comissão Técnica de Vacinação tem estado atenta "à evidência científica", de maneira a perceber se há ou não "necessidade de fazer novas alterações à vacinação". Afinal, numa guerra em que o adversário é desconhecido, é preciso calcular cada passo com cuidado — mas sempre com os olhos postos na vitória.
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