A agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) diz que as marchas de “milhões de pessoas”, convocadas pelo movimento pró-democracia, ocorrem dois dias depois de o general Abdel-Fattah al-Burhan voltar a nomear-se chefe do governo interino, sinal de que está a apertar o controlo sobre o país, duas semanas após liderar o golpe militar contra líderes civis.
A decisão, tomada na quinta-feira, irritou a aliança pró-democracia e frustrou os EUA e outros países que pediram aos generais para reverterem o golpe militar.
Os militares sudaneses tomaram o poder em 25 de outubro, dissolvendo o governo de transição e prendendo dezenas de funcionários e políticos.
O golpe militar desencadeou uma onda de críticas internacionais e protestos massivos nas ruas de Cartum e em outras partes do país.
A tomada de poder pelos militares travou a frágil transição para um governo democrático, mais de dois anos depois de um protesto popular forçar a saída do poder do autocrata de longa data Omar al-Bashir e do seu governo islâmico.
Os protestos de hoje foram convocados pela Associação de Profissionais do Sudão e pelos chamados Comités de Resistência.
Os dois grupos foram as principais forças impulsionadoras do protesto popular contra al-Bashir, em abril de 2019.
Em Cartum as manifestações obrigaram as autoridades as fechar as pontes sobre o Rio Nilo que ligam os bairros da capital.
Em 25 de outubro, Al-Burhan declarou o estado de emergência e dissolveu as estruturas governativas criadas para a transição democrática no país africano, além de deter o primeiro-ministro, Abdullah Hamdok, que se encontra sob prisão domiciliária.
Desde o golpe de 25 de outubro, mais de 100 funcionários governamentais e líderes políticos foram detidos, juntamente com um grande número de manifestantes.
O Sudão tem estado no meio de um frágil período de transição, após uma revolta pró-democracia de 2019, que levou à retirada do poder do autocrata de longa data Omar al-Bashir.
O conselho soberano de 11 membros foi formado pela primeira vez no verão de 2019, após os militares terem assinado um acordo de partilha do poder com as forças pró-democracia.
O acordo estipulava então que o conselho deveria incluir cinco civis e cinco representantes militares e um membro a ser escolhido de comum acordo entre civis e generais.
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