Segundo a agência noticiosa alemã DPA, as autoridades confirmaram no sábado a existência de feridos tanto entre os ativistas anti-carvão como entre as forças policiais, mas não especificaram nem o número de feridos nem a gravidade ou a causa dos ferimentos.
À margem de uma manifestação que reuniu vários milhares de pessoas — 35 mil segundo os organizadores, 15 mil segundo a polícia –, centenas de militantes tentaram penetrar nas zonas proibidas da mina de lignite perto de Lutzerath, no oeste do país, uma povoação que deverá ser demolida para a ampliação do complexo mineiro.
“A polícia recorreu a canhões de água e ainda tentou impedir o acesso dos manifestantes”, indicou no final da tarde um responsável policial citado pela agência noticiosa France Presse.
As forças policiais também se posicionaram no acesso à localidade abandonada de Lutzerath, cercada por barreiras metálicas e ocupada por dezenas de ativistas que a polícia tenta desalojar desde há vários dias.
A manifestação foi simbolicamente liderada pela ativista sueca Greta Thunberg, que criticou o sacrifício de vidas humanas “pelo benefício de muito poucas pessoas incrivelmente ricas” e questionou como é possível “que em 2023 se siga um caminho que conduz a nada”.
A operação de evacuação da povoação iniciada esta semana mobilizou reforços policiais provenientes de toda a Alemanha, enquanto eram registadas diversas ações de desobediência civil em todo o país nos últimos dias.
Em Keyenberg, cidade vizinha de Lutzerath, milhares de pessoas também se manifestaram no sábado contra os planos da empresa energética alemã RWE de reabrir a mina de carvão.
Um recente estudo do Instituto Alemão de Investigação Económica questionou a posição do Governo, depois de ter sido divulgado que outros campos de carvão existentes poderiam ser usados, embora o custo para a RWE fosse maior.
Outra alternativa seria a Alemanha aumentar a produção de energia renovável, reduzir a procura através de medidas de eficiência energética ou importar mais carvão ou gás a outros países, segundo o mesmo estudo.
No sábado, o coletivo português ambientalista Climáximo solidarizou-se em comunicado com os ativistas que defendem Lutzerath.
O coletivo acusou o Governo alemão de fingir precisar da zona “de sacrifício para reduzir a dependência fóssil da Rússia, enquanto mantém o padrão de dependência fóssil” que leva “ao colapso do clima”.
Em causa, acrescentam os ativistas do Climáximo, não está cuidar da vida de milhões de pessoas, mas cuidar dos “milhões nas contas de alguns”. “Só há uma solução para o gás, petróleo e carvão: deixá-los no chão”, conclui o movimento.
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