Milhares de manifestantes encheram uma das principais ruas no bairro comercial de Mong Kok, bloquearam um túnel e cercaram esquadras da polícia, levando à suspensão dos serviços não urgentes.
Numa manifestação separada, milhares de pessoas vestidas de branco juntaram-se num parque de Hong Kong para expressar o apoio à polícia, empunhando cartazes onde podia ler-se "Give Peace a Chance".
Os manifestantes pró-democracia começaram a instalar postos de primeiros socorros e a distribuir capacetes algumas horas antes da manifestação e quando um grupo chegou à zona do porto, vários manifestantes subiram a um dos mastros em frente a um hotel de luxo e retiraram a bandeira chinesa.
Depois de algum debate sobre se deveriam pintar a bandeira de preto, decidiram atirá-la à água antes que a polícia pudesse intervir.
Pouco depois, Paladin Cheng, um manifestante de 38 anos, colocou-se ao lado dos mastros com um conjunto de bandeiras, onde podia ler-se "Hong Kong Independence."
Hong Kong vive há dois meses um clima de contestação social, com milhares de pessoas nas ruas contra uma proposta de lei que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica.
Num ‘briefing’ antes da manifestação marcada para Mong Kok, a polícia alertou que seria considerado ilegal ultrapassar o limite imposto para o término da manifestação e disse que qualquer protesto que não tenha sido autorizado será considerado assembleia ilegal.
A manifestação foi, num primeiro momento, proibida pela polícia, que a autorizou depois de um recurso dos manifestantes.
O local da manifestação de hoje, Mong Kok, é uma área onde os manifestantes instalaram uma zona de protesto pró-democracia em 2014.
Os protestos que duram há dois meses e que têm sido maioritariamente pacíficos foram evoluindo para confrontos com a polícia devido à recusa de alguns manifestantes em dispersar às horas previstas.
Nos últimos dois meses foram vandalizados edifícios e atirados tijolos pelos manifestantes, tendo a polícia respondido com gás lacrimogéneo e balas de borracha.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
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