“Vamos resistir”, assegurou à Lusa Sueda Polat, uma das estudantes que lidera o movimento estudantil pró-Palestina na prestigiada Universidade da Columbia, em Nova Iorque, que alastrou a campus universitários em todo o país.

Num dia de calor atípico na metrópole norte-americana para esta altura do ano (29ºC a meio do dia) e sob ameaça de expulsão, no acampamento montado no relvado sul da Universidade da Columbia, centenas de estudantes recusam-se a deixar o local, apesar de uma ordem de evacuação.

“Somos resilientes, vamos resistir (…) pelo tempo que for necessário”, afirmou Polat.

“Estamos dispostos a colocar muita coisa em jogo por esta causa”, acrescentou a jovem, que tem estado na mesa de negociações com a direção da universidade.

Questionada pela Lusa se teme represálias no futuro pela participação neste polémico protesto, a estudante preferiu focar-se no presente e no “mandato prioritário de lutar pelos palestinianos que estão a ser alvo de um genocídio”.

Assegura, porém, que não foi alvo de suspensão por parte da Universidade, ao contrário de outros colegas, que foram suspensos ou detidos pela Polícia.

Numa mensagem dirigida a estudantes europeus que estão a seguir a mesma linha de protesto em prol dos palestinianos, Sueda Polat instou: “Olhem para nós e façam o mesmo”.

A presidente da Columbia, Minouche Shafik, exortou os estudantes a deixarem o acampamento após o fracasso das negociações iniciadas na semana passada.

Num documento distribuído aos manifestantes, a universidade exigiu que o local fosse evacuado às 14h00 (hora local, 19h00 em Lisboa), sob pena de suspensão.

Contudo, duas horas depois da hora limite, a situação permanecia inalterada, com centenas de jovens a marchar de rostos tapados ao redor do acampamento, entoando gritos de protesto em apelo direto à universidade para que se desassocie de participações em fundos e empresas que os ativistas alegam estarem a lucrar com a invasão de Gaza por Israel.

Ao mesmo tempo, mas no exterior da Universidade, dezenas de pessoas juntavam-se com o mesmo propósito, levando a que um forte dispositivo policial fosse montado nos portões da Columbia, com pelo menos um ativista a ser detido, conforme testemunhado pela Lusa.

“Pessoas por todo o país estão a ser detidas por estarem a fazer a coisa certa, por se oporem a este genocídio”, gritou o homem, enquanto era algemado por agentes da Polícia de Nova Iorque.

A presidência da instituição universitária indicou no fim de semana que abdicou de recorrer à polícia de Nova Iorque para evacuar o campo e prender estudantes ou ativistas, como aconteceu noutras universidades do país.

Esta nova onda de protestos nas universidades norte-americanas contra a guerra travada na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas acontece a seis meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, entre alegações de antissemitismo e antissionismo e o direito constitucional à liberdade de expressão.

Depois de mais de uma semana de manifestações nos Estados Unidos, a Casa Branca também já tinha apelado no domingo ao movimento de estudantes para que realizassem os protestos de forma pacífica, após centenas de pessoas, entre alunos e ativistas, terem sido levados para interrogatório policial e em alguns casos ficado detidos.

Os Estados Unidos, e acima de tudo a metrópole de Nova Iorque, têm o maior número de judeus americanos no mundo depois de Israel, e milhões de árabes-muçulmanos americanos.

As manifestações estão também a acontecer em França, onde hoje a polícia interveio na Universidade Sorbonne, em Paris, para expulsar ativistas mobilizados pela causa palestiniana que montaram tendas dentro do recinto universitário.