"Eu peço desculpa, com todo o respeito que o parlamento me merece, a fatura de eletricidade é uma vaca leiteira. Cobra-se tudo através da fatura de eletricidade e depois o problema é das rendas excessivas", criticou Manuel Pinho, numa intervenção inicial na audição na comissão parlamentar da Economia, Inovação e Obras Públicas, que hoje decorre na Assembleia da República.

O ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates disse partilhar "a opinião da maioria dos portugueses: em primeiro lugar a eletricidade é muito cara. Em segundo lugar, há um trânsito enorme entre a política e as empresas e, por uma questão de caridade, não vou dar exemplos".

"Nós temos um grande problema que é a eletricidade cara e a proposta que eu faço é pegar em políticas que no fundo são subscritas por todos os partidos que aqui estão representados e conseguir uma redução do preço para todos os consumidores de 10% e para os consumidores com menos meios 13%", disse.

Assim, Manuel Pinho sugere "eliminar a taxa do audiovisual", considerando que "ninguém bem formado está de acordo que se pague uma taxa de três euros para financiar a RTP".

"Além do mais isso faz parte do acordo da geringonça e está nas Grandes Opções no Plano. Não é tirar um coelho da cartola, é fazer o que está acordado", sustentou.

Por outro lado, Manuel Pinho defende que se podia "adotar uma taxa de IVA para a eletricidade igual à média da União Europeia, nem mais alta, nem mais baixa".

"O preço da eletricidade em Portugal só ultrapassa a média da União Europeia em 2011, quando a taxa do IVA na eletricidade aumenta de 6% para 23%. O impacto da subida do IVA está identificado há muito tempo", justificou.

Hoje de manhã, o antigo ministro do governo de José Sócrates foi ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Lisboa, tendo saído cerca de 45 minutos depois, tendo o advogado do ex-ministro da Economia Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, afirmado que o Ministério Público "deu sem efeito" a diligência marcada para hoje, no âmbito do caso EDP.

Com a abstenção do BE, o requerimento dos sociais-democratas para a audição parlamentar de hoje foi aprovado para que o antigo governante possa "esclarecer cabalmente" decisões tomadas enquanto esteve no governo, nomeadamente no setor energético, e o alegado relacionamento com o Grupo Espírito Santo (GES), segundo "suspeitas que têm vindo a público".

Em maio, em comunicado, o advogado de Manuel Pinho, Ricardo Sá Fernandes, revelou que o ex-ministro, que deixou de ser arguido no caso EDP, estaria disposto a prestar "todos os esclarecimentos" aos deputados, mas só depois de ser interrogado pelo Ministério Público.

Em 19 de abril, o jornal ‘online’ Observador noticiou as suspeitas de Manuel Pinho ter recebido, de uma empresa do GES, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros.

Os pagamentos, de acordo com o jornal, terão sido realizados a "uma nova sociedade 'offshore' descoberta a Manuel Pinho, chamada Tartaruga Foundation, com sede no Panamá, por parte da Espírito Santo (ES) Enterprises, também ela uma empresa 'offshore' sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas e que costuma ser designada como o ‘saco azul’ do Grupo Espírito Santo".