"Só tenho um adversário, é o ‘melanchonismo’. É este ‘melanchonismo’ de extrema-esquerda, que representa uma tripla rutura, desde logo com a aliança estratégica da União Europeia, com a Alemanha e com a NATO, ainda por cima em plena guerra. Esta é uma rutura muito perigosa para todos, que apagaria a França da História. É também uma força política que acolhe o comunitarismo e tem um programa económico que arruinaria o país e os franceses", afirmou em entrevista à Agência Lusa Manuel Valls.

Valls, que esta semana estará em campanha em Portugal, é o candidato do partido do Presidente Emmanuel Macron, 'República em Marcha', à quinta circunscrição dos franceses que vivem fora de França e que abrange Portugal, Espanha, Mónaco e Andorra.

Renaud Le Berre, candidato ecologista que integra a Nova União Popular Ecologista e Social (NUPES), coligação pré-eleitoral liderada pela ‘França Insubmissa’ de Mélenchon, é o adversário de Valls neste círculo eleitoral.

"Quem quer que seja candidato, socialistas ou ecologistas, estão subjugados à liderança de Jean-Luc Mélenchon, que será primeiro-ministro se ganhar, segundo ele próprio. Ele é um populista, inspirado pelo populismo da América Latina, estão subjugados ao programa que consiste na desobediência à Europa", indicou o ex-chefe de Governo.

Quanto ao trabalho que quer desempenhar pelos franceses em Portugal, o candidato defende que é preciso melhorar o acesso aos serviços administrativos franceses de quem se muda para Portugal, assim como tentar assegurar mais vagas para os alunos francófonos nos Liceus Franceses.

"Os franceses são felizes em Portugal, mas claro que há situações diferentes, disparidades e dossiers importantes. Desde logo o acesso aos serviços públicos franceses como a Embaixada, os consulados e o acesso à renovação de documentos. Constata-se uma perda de contacto com a França devido a dificuldades administrativas. Depois, tudo o que tem a ver com escola, o custo dos estudos, a dificuldade em encontrar vaga num Liceu Francês", enumerou o candidato.

Valls defende ainda a sua legitimidade para representar estes franceses, já que tem origens espanholas, vive atualmente em Barcelona e é casado com uma espanhola; o seu suplente Thierry Burtin, vive e trabalha em Portugal.

Sobre a cisão causada pela sua candidatura neste círculo eleitoral por Stéphane Vojetta, deputado que está de saída do partido do Presidente por não aceitar a candidatura de Valls, o antigo primeiro-ministro defende que é a sua candidatura que tem legitimidade, já que foi o Presidente que o convidou.

Vojetta era o candidato suplente e substituiu Cazbonne quando esta foi para o Senado francês, tendo decidido manter a sua candidatura contra Valls. Vojetta foi, entretanto, excluído do partido ‘República em Marcha’.

"A deputada Samantha Cazbonne foi deputada até outubro e fez um ótimo trabalho, reconhecido por todos, tendo trabalhado sobre dossiers muito importantes, e tornou-se senadora. Ela apoia-me, como é óbvio, portanto esta é a legitimidade de que preciso. Eu sou o candidato não só da maioria presidencial, mas tenho uma relação com Emamnuel Macron e foi ele que me encorajou a ser candidato nesta circunscrição", sublinhou.

Valls abandonou o Partido Socialista em 2017, após esta força política ter designado Benoit Hamon, que pertencia à ala mais à esquerda do PS (fação 'Os Rebeldes'), como candidato ao Eliseu. Hamon perdeu com 6%, e já este ano a candidata socialista Anne Hidalgo perdeu com 1,75%, o que coloca este partido em vias de "desaparecer".

"Achei em 2017 que o partido estava a caminho de desaparecer. Infelizmente, tinha razão e foi o que se passou. Vimos muitas figuras de esquerda que se juntaram a Emmanuel Macron. Anne Hidalgo, alguém por quem tenho uma enorme simpatia, acabou com 1,75% e não é culpa dela, é a situação política. Ainda havia pessoas que resistiam no seio do partido, mas que, entretanto, estão a sair. Não sobra grande coisa do PS", defendeu Manuel Valls.

Os franceses espalhados pelo Mundo são representados por 11 deputados que correspondem a 11 círculos eleitorais, tendo acesso a diversas modalidades de voto.

Em território francês, a eleição decorre a 12 e 19 de junho, e no estrangeiro o voto presencial decorre de forma faseada e tem várias modalidades.

Os eleitores da circunscrição que abrange Portugal votam no dia 05 de junho e no dia 18 de junho; quem vota por correio deve enviar o seu voto até dia 03 de junho e, para a segunda volta, até 17 de junho.

Já pela internet, o voto decorre de 27 de maio a 01 de junho e a segunda volta de 10 a 15 de junho.

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