Por: Inês Lima (texto) e João Relvas (foto) da agência Lusa
"Se não for candidato, saberei sair do palco", prometeu Marcelo Rebelo de Sousa, numa conferência de imprensa na Escola Portuguesa de Luanda, no dia em que cumpre três anos de mandato, que coincidiu com o final da sua visita de Estado a Angola.
Questionado sobre as razões que podem levá-lo ou não a recandidatar-se, nas eleições presidenciais de janeiro de 2021, o chefe de Estado português respondeu que "são dois" fatores, "claros e determinantes".
"Primeiro ponto: a saúde. Este cargo é um cargo exigente. E se é exigente num mandato, é mais exigente em dois mandatos, e se é exigente numa idade, é mais exigente com mais alguns anos de idade", referiu o Presidente, que completou 70 anos em dezembro.
"Segundo: ter a noção de que sou a pessoa que está em melhores condições de cumprir a missão naquele momento", completou.
Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que decidiu ser candidato às eleições presidenciais de 2016 por entender que, com a atual solução de Governo minoritário do PS suportado pelos partidos à sua esquerda, "era preciso fazer a ponte".
"A ponte devia ser feita a partir da direita e não da esquerda, porque seria esquerda a mais. Vamos esperar para saber exatamente qual é que é a realidade vivida, para saber se não há ninguém. E se houver alguém em melhores condições, cessa aquilo que é o meu dever moral de cumprir a missão", acrescentou.
Interrogado se pensa que é mais popular em Portugal ou em Angola, o Presidente português escusou-se a responder: "Isso eu não sei, tem de perguntar aos angolanos e perguntar aos portugueses. E depois eles encontram-se, podem fazer uma troca de pontos de vista e dizer se é mais amado ou se é mais desamado".
O chefe de Estado português não teve resposta também para a pergunta sobre qual o principal desafio até ao final do seu mandato, mas prometeu "pensar nisso agora no caminho" de regresso a Portugal.
Ainda quanto a uma eventual recandidatura, Marcelo Rebelo de Sousa assegurou que mudará "qualitativamente a posição" enquanto Presidente da República a partir do momento em que tomar essa decisão, seja em que sentido for.
"Se for candidato, naturalmente terei isso presente, para não prejudicar aqueles que sejam candidatos também. Se não for candidato, saberei sair do palco, sem ser daquela forma que às vezes ocorre, muitas vezes, que é um conjunto de festas, de celebrações, de saudade antecipada. Não, deixando o palco também para aqueles que virão a ser candidatos e de que sairá o futuro Presidente da República", declarou.
Quanto aos dois anos de mandato que tem pela frente, elencou os princípios que tem em mento "como missão a cumprir".
"Primeiro, respeitar e fazer respeitar a constituição, com os poderes que o Presidente tem, nem mais nem menos, nem presidencializando nem deixando de cumprir a obrigação quando é preciso cumpri-la. Em segundo lugar, afirmar Portugal no mundo, naturalmente em sintonia com o Governo", elencou.
"Em terceiro lugar, garantir a unidade do Estado, e unidade no sentido mais amplo, de coesão social, de coesão comunitária - territorial, mas também entendimento entre as pessoas, entre os grupos, entre as sensibilidades, entre as ideologias, entre os partidos, entre os parceiros económicos e sociais", prosseguiu.
A "missão a cumprir" passa também por "salvaguardar a estabilidade das instituições" e "dos mandatos, concretamente a estabilidade da legislatura", bem como pelo entendimento de que o Presidente da República deve "estar muito próximo dos cidadãos", concluiu.
Comentários