"Vivemos, não direi o dia-a-dia, ou a semana a semana, mas certamente o mês a mês, com dois orçamentos aprovados em menos de um ano, com o acompanhamento constante por parte da União Europeia, quando não mesmo da 'troika' - que já se encontra novamente em Portugal", declarou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no encerramento do 3.º Roteiro Visão 2020 Para a Agricultura Portuguesa, promovido pela Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Nesta ocasião, aproveitou para partilhar umas "breves reflexões acerca da situação económica e social portuguesa, coincidindo aliás com o dia em que foi aprovado o Orçamento do Estado para 2017, que ainda não chegou às mãos do Presidente da República e, portanto, sobre o qual se não vai pronunciar".
Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que "este é o momento" para se pensar "em termos estruturais, e não conjunturais", dando como adquirida a "estabilização política".
Depois, elencou como principais problemas estruturais do país a "burocracia administrativa", uma "preocupação com a estabilidade fiscal", e também "uma preocupação com o crescimento" e a necessidade de "estabilização e consolidação do sistema financeiro".
"Uns são antigos, direi mesmo que são quase crónicos", observou.
Quanto à estabilização e consolidação do sistema financeiro, o Presidente da República disse que é uma preocupação que permanece "desde a primeira hora".
"Para haver crescimento económico é muito importante haver uma estabilização e uma consolidação do sistema financeiro, que ultrapasse as vicissitudes de curto prazo, que fazem parte da lógica da vida, uma vez que a economia, a sociedade e a política são feitas com pessoas de carne e osso, mas em que as instituições se colocam num plano diverso, se quisermos, superior e de mais longo fôlego do que as vicissitudes meramente pessoais", acrescentou.
No final desta conferência, em resposta aos jornalistas, o Presidente da República escusou-se a comentar nomes falados para a administração da Caixa Geral de Depósitos e insistiu que "sem sistema financeiro funcionando de forma estável e consolidada é mais difícil obter crescimento económico".
Marcelo Rebelo de Sousa voltou a dizer que "é óbvio um consenso nacional quanto à necessidade de uma reestruturação, de uma recapitalização e, portanto, de um funcionamento eficaz da Caixa", o que considerou ser "o mais importante".
"E como eu disse também, não é que eu não ache as pessoas muito importantes, porque são, mas é evidente que as instituições fortes são ainda mais importantes do que as pessoas", reafirmou.
O Presidente da República foi ainda questionado pelos jornalistas sobre a opinião de dois economistas alemães, Thomas Mayer e Daniel Stelter, segundo os quais a dívida pública portuguesa é insustentável e Portugal deve equacionar sair do euro.
Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou a sua posição nesta matéria: "Há muito tempo que muita gente em Portugal e pela Europa tem defendido em relação a várias economias uma posição crítica em relação ao euro. Não é a posição portuguesa dominante e não é a do Presidente da República, [que] acredita no euro, acredita na zona euro e acredita na pertença de Portugal ao euro".
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