Em declarações aos jornalistas, num hotel em Copacabana, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a defender que a força da "aliança fraterna" entre Portugal e o Brasil reside no povo brasileiro e no povo português: "Tudo o resto muda, quer dizer, as instituições vão mudando, mudaram tanto em 200 anos".

Interrogado se já recebeu algum comunicado oficial da parte do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a cancelar o encontro entre os dois seguido de almoço e se irá ou não a Brasília, afirmou: "Eu tenho o programa que tenho. Eu naturalmente farei, para já, o programa inicial. Em relação ao resto, vamos aguardar. Aguardamos".

"Para já tenho uma prioridade que é aqui [no Rio] celebrar os cem anos da travessia do Atlântico, estar na Bienal [do Livro de São Paulo] em força, com os escritores brasileiros e portugueses, ter os contactos que tencionava ter [com os antigos Presidentes do Brasil Lula da Silva e Michel Temer] e que sempre tive, e que tive no ano passado", referiu.

Quanto ao seu programa em Brasília, na segunda-feira, o Presidente português acrescentou que aguarda para "ver o que sucede, serenamente", observando: "Não há pressa".

Marcelo Rebelo de Sousa voltou a desvalorizar um eventual cancelamento do almoço para o qual Bolsonaro o convidara: "Um almoço pode acontecer agora, pode acontecer em setembro, pode acontecer em outubro, pode acontecer em novembro".

"A minha experiência de muitos anos de vida e muitos anos de vida política é que o fundamental é olhar para os povos. Depois, as questões conjunturais, almoça hoje, almoça amanhã, almoça depois de amanhã, há de haver um momento em que há um almoço por força das situações, por força das circunstâncias", considerou.

O Presidente português rejeitou "qualquer intervenção na vida política interna" do Brasil, declarando que não toma posição e que é a "tradição na diplomacia portuguesa".

Sobre os encontros que terá no Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa disse que sempre que viaja tem contactos com "todos os setores, todos os quadrantes".

No plano diplomático, defendeu que "há que tratar, sim, do fundamental, que é a relação entre União Europeia e Mercosul, Portugal/Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Portugal/Brasil nas Nações Unidas, Portugal/Brasil no relacionamento sobre a pandemia ou sobre a situação que se passa na guerra no mundo".

Na sexta-feira, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, declarou à CNN Brasil que decidiu cancelar o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa em Brasília: "Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação".

O chefe de Estado brasileiro justificou esta decisão com o facto de Marcelo Rebelo de Sousa se ir encontrar com o antigo Presidente brasileiro Lula da Silva em São Paulo no domingo.

Antes de partir de Lisboa para o Rio de Janeiro, na sexta-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre este assunto e respondeu que iniciava esta viagem "com o mesmo programa que tinha em mente", dando a entender que o convite de Bolsonaro não tinha sido oficialmente retirado.

Hoje, no Rio de Janeiro, o programa do chefe de Estado português inclui uma sessão comemorativa da travessia aérea do Atlântico Sul feita há cem anos por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, na zona portuária no centro da cidade, e uma receção à comunidade portuguesa, no consulado geral português, em Botafogo.

De tarde, o Presidente da República seguirá do Rio para São Paulo, onde estará na abertura oficial da 26.ª Bienal Internacional do Livro, que nesta edição tem Portugal como país homenageado.

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