"Missão cumprida no plano político, missão cumprida no plano empresarial, missão cumprida no plano humano e da afirmação da presença portuguesa aqui na Índia e no mundo", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, num hotel no sul de Pangim, capital do estado de Goa.

Segundo o Presidente da República, "em três dias e meio era impossível fazer mais" para "manter o ritmo e acelerar o ritmo" das relações bilaterais, no seguimento do "trabalho das vindas do primeiro-ministro português e da ida do primeiro-ministro indiano a Portugal".

"Manteve-se e acelerou-se o ritmo", defendeu.

Num balanço da sua visita, Marcelo Rebelo de Sousa começou por falar dos encontros institucionais que teve com o seu homólogo indiano, Ram Nath Kovind, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em Nova Deli. "Missão cumprida nos contactos políticos", afirmou.

"O Presidente da Índia irá a Portugal para o ano e haverá durante a presidência portuguesa da União Europeia um enfoque especial nas relações com a Índia", salientou.

No seu entender, também houve "sucesso" no domínio empresarial, "quer no plano oficial, Estado a Estado, quer sobretudo no interesse dos grupos privados".

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, "motivou-se mais portugueses para virem para cá, motivou-se mais empresários indianos para irem para lá, com projetos concretos em domínios concretos para arrancarem nos próximos cinco anos".

"E no plano cultural e no plano humano, tudo terminado em Goa, o que é uma oportunidade única de homenagear esta comunidade, que é uma comunidade de grande identidade, de grande coesão e de grande presença na diversidade aqui do todo que é a Índia", concluiu.

Marcelo defende que acordo de mobilidade interessa aos dois países

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o acordo de mobilidade laboral e juvenil que Portugal e a Índia estão a negociar é um regime que interessa aos dois países.

"É um regime muito flexível que nos interessa a nós, portugueses, e interessa também a eles, indianos", afirmou o chefe de Estado aos jornalistas, num hotel no sul de Pangim, no estado de Goa, onde hoje termina a sua visita de Estado à Índia.

Segundo o Presidente da República, "é importante para quadros, é importante para mão de obra, é importante para jovens, nomeadamente jovens estudantes".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "a ideia é facilitar os vistos e a possibilidade de residência de portugueses na Índia e de indianos em Portugal".

"É um regime que significa, de facto, maleabilizar, flexibilizar a entrada e residência de portugueses na Índia e de indianos em Portugal para áreas que são importantes para a cooperação e o desenvolvimento dos dois países", acrescentou.

Durante esta visita de Estado à Índia, na sexta-feira, em Nova Deli, Portugal e a Índia assinaram uma declaração conjunta para a mobilidade e migrações.

Questionado pela agência Lusa sobre esta declaração conjunta, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que se enquadra num "acordo de mobilidade laboral e juvenil" que Portugal e a Índia estão a negociar e que pretendem concluir em seis meses.

"As duas partes comprometem-se a fazê-lo em seis meses e assumem o compromisso de que o acordo beneficiará jovens diplomados para a realização de estágios e visitas de estudo nos dois países", explicou.

O ministro disse que o objetivo é "facilitar a concessão de vistos nacionais e autorizações de residência para efeitos de estudo, de investigação, de circulação de estudantes, de académicos, de trabalhadores especializados e qualificados".

No que respeita às migrações, "as duas partes assumem o compromisso de cooperação no combate à migração irregular e no combate ao tráfico de seres humanos", adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

A Índia é atualmente o segundo maior país do mundo em população, com mais de 1,3 mil milhões de pessoas, e estima-se que dentro de alguns anos venha a ultrapassar a China.

Portugal, em contraste, enfrenta um problema de envelhecimento da sua população.

O Presidente da República chegou na quinta-feira à Índia, para uma visita com um programa concentrado em três dias, dividido entre a capital, Nova Deli, Mumbai, o centro financeiro do país, e Goa.

Portugal e a Índia têm uma ligação histórica com mais de 500 anos, que remonta à chegada do navegador Vasco da Gama ao subcontinente, em 1498.

As relações diplomáticas estiveram cortadas durante perto de vinte anos no período do Estado Novo e foram restabelecidas após o 25 de Abril de 1974, quando Portugal reconheceu a plena soberania da Índia sobre os antigos territórios portugueses de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar Aveli.

Esta foi a 17.ª visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa e a segunda a um país asiático, depois da República Popular da China, onde esteve no ano passado.

Antes de Marcelo Rebelo de Sousa, fizeram visitas de Estado à Índia os presidentes da República Mário Soares, em 1992, e Aníbal Cavaco Silva, em 2007.

Acompanharam esta deslocação do Presidente da República o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, os secretários de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, e os deputados Lara Martinho, do PS, Cancela Moura, do PSD, João Dias, do PCP, Ana Rita Bessa, do CDS-PP, e Mariana Silva, do PEV.

*Inês Lima (texto) e Estela Silva (fotos), enviadas da agência Lusa