Marcelo Rebelo de Sousa, que discursava em tom vibrante no encerramento do III Fórum Económico Angola/Portugal, que decorreu ao princípio da noite em Benguela, província no litoral-centro do país, nunca chegou a explicar quem são os "eles", garantindo, porém, que não são nem angolanos nem portugueses.
Insistindo numa ideia que transmitiu ao longo dos cerca de 10 minutos de intervenção, a de um "dia histórico" para Angola, Portugal, África e o mundo, o Presidente português destacou as relações entre os dois países e fez um apelo ao investimento em território angolano.
"É um dia histórico porque Angola está a viver um período histórico de afirmação a todos os níveis, nacional, regional, continental e mundial. É um dia histórico porque a nossa amizade fraternal atingiu o pico da excelência", disse um Marcelo, eufórico, embora algo rouco, depois de um dia passado entre as províncias da Huíla e de Benguela, com constantes quebras no protocolo e banhos de multidão.
Na presença de uma plateia com ministros dos dois países, associações empresariais e de cerca de duas dezenas de homens de negócios angolanos e portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa, recorrendo ao paralelo da regularização das dívidas, salientou que o processo de regularização em curso é em relação ao "passado".
"É dia histórico porque existe também um clima de confiança adicional para que o investimento e o emprego cresçam, para que a justiça chegue, por a reunião [terceiro fórum] se fazer onde se faz [Benguela], por o processo estar centrado por toda Angola, pelos empresários que vieram de toda a Angola, de todo o Portugal, por todos estarem com os pés bem assentes no chão", prosseguiu Marcelo.
O Presidente português lembrou os portugueses e angolanos que trabalham há décadas em favor do futuro, "no que é essencial para a vida das pessoas: a felicidade".
"Este fórum olha para o futuro. Não é experimental, nem teórico. Temos essa vantagem em relação aos outros. Sabemos do que falamos. Os empresários conhecem a terra e a gente. Não prometem para daqui a anos. Cada minuto em Angola é hoje essencial, é uma corrida contrarrelógio, onde a colaboração de esforços que já está no terreno. Isso é uma vantagem comparativa para todos", afirmou.
"O fórum sabe que todo o tempo é pouco. Queremos que quem está disponível para investir que continue a investir, que acelere o investimento em toda a Benguela, em toda a Huíla, em todas as províncias de Angola. Há uma vontade política e empresarial e popular que está por trás disto tudo. Daí também se um momento histórico", continuou, passando, depois, aos enigmáticos "eles".
"Eles acreditavam que seria mais um compasso de espera. Não acreditavam que nós descemos bem, não acreditavam nos esforços. Enganaram-se. Subestimaram Angola e Portugal. As nossas relações são muito melhores do que tinham pensado. Dou comigo, às vezes, como não se compreendeu. Eles, que encontro aqui e ali, nas visitas que fiz, porque é que não compreenderam. Para compreender é preciso amar. Não se aprende a amar através de manuais. Ou se vai, está-se, conhece-se ou não se compreende", afirmou.
"Este processo não parou nem vai parar. Não o acabamos. Começou e vai continuar. O momento é histórico. Há 'especialistas' que começam os processos e acabam-nos logo depois do início. Vai continuar com a convenção para se evitar a dupla tributação, com a segurança social, com a disponibilização de meios, com o acompanhamento de projetos, com a formação de professores, com a cooperação na saúde, nas autárquicas, na administração pública", frisou.
"Fico feliz por este fórum coincidir com este momento histórico. Eles enganaram-se. Aconteceu, está a acontecer. Temos dois grandes países, dois grandes irmãos", terminou, apelando à construção de uma nova Angola.
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